O Ministério Público propôs, esta segunda-feira, a realização de um interrogatório a José Sócrates para uma eventual alteração da medida de coação ao antigo primeiro-ministro, avança a revista Visão.
A posição do procurador foi comunicada à juíza Margarida Alves do Juízo Criminal de Lisboa, onde está o processo por falsificação e branqueamento de capitais. Esta decisão foi tomada depois de ter sido recebida a resposta da Interpol que detalhou as viagens de Sócrates ao Brasil no último ano - três.
Segundo o mesmo meio, o antigo primeiro-ministro viajou pela primeira vez para o Brasil em agosto de 2021, onde permaneceu 12 dias. Depois, a 5 de fevereiro, voltou a sair de Lisboa com destino a São Paulo. Aqui, a Interpol não tem registo da data de regresso. Ao tribunal foi comunicada uma nova saída, a 4 de abril, e o regresso a 12 de junho.
Em entrevista à SIC, esta quarta-feira, Sócrates reiterou o que tem vindo a dizer: crê não ter obrigatoriedade alguma em comunicar as viagens ao tribunal. Diz que não tem problemas em responder às questões do tribunal "se estas fossem feitas com bons modos". O antigo primeiro ministro asseverou ainda que "não quer a vida privada nos jornais", e é por isso que não prestou informações sobre as viagens ao Tribunal.
José Sócrates foi acusado no processo Operação Marquês pelo MP, em 2017, de 31 crimes, designadamente corrupção passiva, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e fraude fiscal, mas na decisão instrutória, em 9 de abril de 2021, o juiz Ivo Rosa decidiu ilibar José Sócrates de 25 dos 31 crimes, pronunciando-o para julgamento por três crimes de branqueamento de capitais e três de falsificação de documentos.
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