O Ministério Público (MP) abriu uma investigação ao caso que envolve os filhos de dois atores brasileiros, Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso, que, alegadamente, foram vítimas de racismo por parte de uma mulher alcoolizada no restaurante Clássico Beach Club, na Costa de Caparica, no passado sábado, 30 de julho. "Confirma-se a existência de investigações relacionadas com a matéria em referência", indicou a Procuradoria-Geral da República ao Notícias ao Minuto.
Uma família de turistas angolanos que estavam no local também terá sido vítima de racismo por parte da mesma mulher, que foi detida pelas autoridades, mas que, entretanto, foi libertada.
O caso foi divulgado pela própria Giovanna Ewbank nas redes sociais e, posteriormente, num comunicado da assessoria da imprensa da atriz.
"Comunicamos que os filhos do casal Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso foram vítimas de racismo no restaurante Clássico Beach Club, na Costa de Caparica, em Portugal, neste sábado, dia 30 de julho, onde a família passa férias. Uma mulher branca, que passava na frente do restaurante, xingou, deliberadamente, não só Títi e Bless, mas também a uma família de turistas angolanos que estavam no local - cerca de 15 pessoas negras", pode ler-se na nota.
"A criminosa pedia que eles saíssem do restaurante e voltassem para a África, entre outras absurdos proferidos às crianças, tais quais 'pretos imundos'", acrescenta a mesma nota. O casal brasileiro confirmou ainda que ia apresentar queixa às autoridades.
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No domingo, numa publicação na rede social Twitter, o antigo chefe de Estado brasileiro e candidato às eleições presidenciais, Lula da Silva, solidarizou-se com as famílias brasileiras e angolanas que foram, alegadamente, vítimas de racismo.
"Nenhuma mãe ou pai merece ver seus filhos sendo vítimas de xingamentos racistas. Minha solidariedade Giovanna Ewbank, Bruno Gagliasso, sua família e também aos turistas angolanos que sofreram ataques racistas ontem. Vamos construir um mundo sem racismo", escreveu.
Nenhuma mãe ou pai merece ver seus filhos sendo vítimas de xingamentos racistas. Minha solidariedade a @gioewbank, @brunogagliasso, sua família e também aos turistas angolanos que sofreram ataques racistas ontem. Vamos construir um mundo sem racismo.
— Lula (@LulaOficial) July 31, 2022
Já na segunda-feira, foi a vez do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, emitir uma nota, no site da Presidência, onde reafirmou que "qualquer comportamento racista ou xenófobo é condenável e intolerável", devendo ser punido, considerando, contudo, que os portugueses são "em regra" respeitadores "dos direitos fundamentais e da dignidade da pessoa humana".
Marcelo Rebelo de Sousa ressalvou que "não vale a pena negar que há, infelizmente, setores racistas e xenófobos entre nós", mas salientou que "não se pode, nem deve, generalizar, pois o comportamento da sociedade portuguesa é, em regra, respeitador dos direitos fundamentais e da dignidade da pessoa humana".
E considerou também que "o mesmo se dirá, especificamente, quanto às comunidades dos países irmãos de língua portuguesa, que têm vindo a aumentar a sua presença" em Portugal e "são motivo de gratidão e de orgulho".
"A sociedade portuguesa é constituída por pessoas das mais variadas origens, que aqui chegaram há poucos ou há muitos anos, alguns há séculos, aqui vivem, trabalham, constituem as suas famílias: não há 'portugueses puros', somos todos descendentes de culturas, civilizações e origens muito diversas", acrescentou ainda, frisando que "somos todos transmigrantes, todos temos familiares e amigos que vivem ou viveram fora do quadro geográfico físico de um país; tal como tantos que aqui encontram uma melhor vida. E todos somos Portugal".
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