Sinalizadas 6 vítimas de tráfico humano. Pensavam que vinham jogar na FPF

Cidadãos estrangeiros dizem que lhes havia sido "garantida a inscrição na Federação Portuguesa de Futebol para competir no campeonato da primeira divisão distrital".

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Notícias ao Minuto
30/09/2022 16:59 ‧ 30/09/2022 por Notícias ao Minuto

País

Serpa

O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) revelou, esta sexta-feira, que sinalizou seis cidadãos estrangeiros como vítimas de tráfico de seres humanos, em Serpa. Em comunicado, a autoridade referiu que as vítimas foram recrutadas “no continente sul-americano para jogarem num clube de futebol daquela localidade”.

Após denúncias, o SEF inquiriu os seis cidadãos, na quarta-feira, que revelaram que lhes havia sido “garantida a inscrição na Federação Portuguesa de Futebol para competir no campeonato da primeira divisão distrital, o que não chegou a concretizar-se”.

Foram também “prometidas condições remuneratórias, que não foram cumpridas, e exigido o adiantamento de avultadas quantias, alegadamente, para o pagamento de taxas administrativas, que nunca chegaram a ser devolvidas”.

Na nota, o SEF indicou que, face às evidências, contactou a Equipa Multidisciplinar Especializada para assistência a vítimas de tráfico de seres humanos e comunicou os indícios apurados à autoridade judiciária.

Fonte ligada ao processo disse à agência Lusa que os estrangeiros sinalizados eram jogadores do União Serpense.

O clube, segundo um comunicado da Associação de Futebol de Beja (AFB) publicado na sua página de Internet, desistiu de participar no Campeonato Distrital da 1.ª Divisão desta época.

Contactado pela Lusa, o presidente do Clube de Futebol União Serpense Sport Clube, Alfredo Mestre, explicou que a pessoa que "era para ser diretor desportivo" da equipa "foi-se embora com o dinheiro" adiantado pelos jogadores para as inscrições.

"Ficou com o dinheiro dos jogadores e o investidor que tinha prometido não apareceu", o que impossibilitou a inscrição dos jogadores na AFB e a consequente participação do clube no campeonato distrital, argumentou.

Contudo, vincou o dirigente do União Serpense, dois jogadores que ficaram sem o dinheiro já regressaram ao país de origem e os que ficaram "estão a ser bem tratados" pelo clube e não lhes "falta nada" em termos de alimentação e alojamento.

Também em declarações à Lusa, o presidente da Câmara de Serpa, João Efigénio Palma, disse não ter conhecimento desta ação do SEF, notando, porém, que este clube "tinha jovens predominantemente estrangeiros".

"O clube de sempre da terra é o Futebol Clube de Serpa, mas, há alguns anos, foi formada uma nova associação, que é o União Serpense, com a intenção de valorizar jogadores oriundos do mercado sul-americano e de outros para os colocar noutras equipas", frisou.

Segundo o autarca alentejano, o clube disputou "campeonatos até ao ano passado", mas, esta época, "não conseguiu garantir condições para inscrever os atletas e competir na 1.ª divisão distrital".

[Notícia atualizada às 19h38]

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