Em comunicado, a Zero considera que a importância da 15.ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas para a Diversidade Biológica (COP15) não pode ser subestimada.
"O planeta está em crise, com mais de um milhão de espécies ameaçadas de extinção. A menos que tomemos medidas efetivas para lidar com as causas subjacentes da perda de biodiversidade, espera-se que o declínio continue a acelerar, impactando a nossa qualidade de vida, bem-estar e o futuro de toda a vida na Terra", alerta.
Segundo a organização, "apesar dos sinais positivos nas negociações que duram há alguns anos, há um conjunto de preocupações que permanecem pela dominância de interesses de algumas empresas e a relutância de muitas Partes em se comprometerem com os passos necessários para garantir o futuro de toda a vida na Terra".
Nesse sentido, defende que as negociações em Montreal devem ser orientadas de acordo com os princípios da urgência, responsabilização e justiça, contrariando "o facto de serem as populações mais vulneráveis as que menos beneficiam dos recursos".
Os ambientalistas pedem também que sejam respeitados os direitos dos povos indígenas e das comunidades locais e tidos em conta os ecossistemas, salientando que estes são tão mais resilientes, quanto maior for a sua diversidade e que "sem os serviços que prestam (...) a humanidade não tem suporte para a vida".
Os 22 grandes objetivos da cimeira de Montreal, segundo a proposta já conhecida de objetivos imediatos e quatro grandes objetivos para 2050, são reforçar a integridade dos ecossistemas e travar e inverter os riscos de extinção de espécies.
Entre as principais metas em discussão está a proteção de 30% do planeta, no mar e em terra, até 2030, mas um sucesso na COP15 passaria também por assegurar que até essa data pelo menos 20% de ecossistemas degradados estariam em recuperação; bem como o uso sustentável de espécies selvagens, ou a gestão de espécies exóticas reduzindo para metade a disseminação de espécies invasoras.
Para a Zero, o que é preciso não são "apenas metas simbólicas, mas um Quadro Global que reflita um paradigma verdadeiramente novo na conservação da biodiversidade, sublinhando a visão 2050 da Convenção (sobre a Diversidade Biológica): 'Viver em harmonia com a natureza'".
"Um enorme problema para a biodiversidade são as ameaças externas que continuam a crescer, como a conversão de terras em monoculturas agroindustriais", assim como "a extração contínua de combustíveis fósseis, mineração e desflorestação", assinala a organização ambientalista.
A propósito, critica os governos por gastarem "cerca de 500 mil milhões de dólares (cerca de 475 mil milhões de euros) anualmente em subsídios e outros incentivos perversos que promovem atividades que prejudicam a biodiversidade", adiantando que, "além disso, mais de 2,6 mil milhões de dólares (2,47 mil milhões de euros) são gastos anualmente em investimentos públicos e privados prejudiciais à biodiversidade".
A Zero defende assim o "alinhamento" de tais fluxos financeiros com o Quadro Global da Biodiversidade e o aumento "do dinheiro efetivamente bem utilizado proveniente de todas as fontes para pelo menos 200 milhares de milhões de dólares (190 mil milhões de euros) por ano".
Em relação a Portugal, "um dos maiores fatores de preocupação" é "a destruição de ecossistemas relevantes pelos incêndios e as suas consequências em termos ambientais e também sociais e económicas, principalmente com o agravamento das alterações climáticas", diz.
Adianta que o país está "atrasado nos planos de gestão das Zonas Especiais de Conservação e na cartografia de habitats", referindo que, em termos de conservação, "merecem preocupação (...) a preservação das aves estepárias e o lobo ibérico".
A Convenção sobre a Diversidade Biológica das Nações Unidas foi assinada por 150 líderes mundiais em 1992 no Rio de Janeiro, na Cimeira da Terra, com o objetivo de proteger a natureza, o seu uso sustentável e a partilha justa de benefícios.
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