Entre temperaturas quase sempre acima do habitual, no dia 14 foi registado um novo extremo para este mês no continente, quando a estação meteorológica de Pinhão-Santa Bárbara (distrito de Viseu) marcou 47 graus Celsius.
Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, 45% do território continental ficou em seca extrema, a classe mais elevada, e os restantes 55% encontravam-se em seca severa (nível seguinte).
Localidades de diferentes regiões, como o Alentejo ou Trás-os-Montes, tiveram de ser abastecidas por autotanques no verão.
De norte a sul, as autarquias multiplicaram esforços para minimizar a situação, com a redução de regas de jardins, a reutilização de águas, o encerramento de piscinas públicas, campanhas de sensibilização ou a recolha de alimento para os animais.
No caso dos municípios em situação mais crítica, o Governo recomendou também o aumento da tarifa da água para os maiores consumidores e projetos de eficiência hídrica no setor industrial. O executivo anunciou ainda uma monitorização mais apertada das albufeiras, devido à redução do seu armazenamento.
Milhares de peixes morreram em cursos de água ou instalações de aquacultura, e somaram-se pedidos de ajuda na agricultura e na pecuária perante quebras acentuadas nas produções, dos hortícolas aos cereais.
Nas contas apresentadas em outubro pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, julho foi o mês com mais incêndios rurais - 2.629, correspondentes a 25% dos mais de 10 mil fogos -- e com maior área ardida (46% do total de 110 mil hectares).
Foi também neste mês que morreram o piloto de um avião de combate e um casal de idosos que fugia das chamas e teve um acidente de carro, em Murça. Já em agosto, um bombeiro de Óbidos morreu por doença súbita no combate a um incêndio.
Depois de o mundo conhecer "um dos três meses de julho mais quentes de que há registo", segundo a Organização Meteorológica Mundial, o continente português registou o quarto mês de agosto mais seco deste século e viu quase 25 mil hectares serem destruídos na serra da Estrela.
O fogo, que deflagrou em 06 de agosto no concelho da Covilhã e se estendeu a outros municípios, lavrou por mais de 10 dias, queimando cerca de um quarto do parque natural.
O Governo declarou a situação de calamidade para a zona, aprovou apoios e determinou a criação de um plano de revitalização.
Outros acontecimentos de julho
A segunda Conferência dos Oceanos da ONU, coorganizada por Portugal e Quénia, adota em Lisboa uma declaração política sobre defesa dos oceanos, em 01 de julho. A adoção do texto, intitulado "O nosso oceano, o nosso futuro, a nossa responsabilidade" e que ficará conhecido como Declaração de Lisboa, culmina a conferência que visava impulsionar esforços globais para a preservação dos oceanos e que durante cinco dias reuniu representantes de mais de uma centena de países, incluindo chefes de Estado e do Governo.
Em 05 de julho, o Parlamento Europeu (PE) dá parecer positivo à entrada da Croácia na zona euro, em 01 de janeiro de 2023. A Croácia torna-se o 20.º país da zona euro.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, 58 anos, demite-se de líder dos conservadores, no dia 07, após a saída de dezenas de membros do seu executivo nas 48 horas antes e de uma crise política que se prolongou durante semanas. E deixa, igualmente, o cargo de primeiro-ministro.
O Conselho de Ministros aprova o novo Estatuto do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para responder às "escolhas políticas" que constam da Lei de Bases da Saúde aprovada em 2019.
Morre, em Barcelona, Espanha, no dia 08, o ex-presidente de Angola José Eduardo dos Santos. Parte da família, como as filhas Isabel e Chizé, iniciam uma batalha jurídica sobre a guarda do corpo, que perdem. Eduardo dos Santos sucedeu a Agostinho Neto como Presidente de Angola, em 1979, e deixou 38 anos depois, em 2017. O funeral, em Luanda, só aconteceu em 28 de setembro.
O Tribunal Constitucional declara, no dia 14, inconstitucionais duas normas da designada Lei do Mar, aprovada em 2020, que advoga a gestão partilhada do espaço marítimo entre a República e as regiões autónomas.
A Associação Nacional de Municípios Portugueses aprova, no dia 18, o acordo de descentralização de competências com o Governo, para as áreas da educação e da saúde, após vários meses de negociações, com os votos a favor dos autarcas eleitos pelo PS e pelo PSD e os votos contra do PCP.
O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, apresenta a demissão, após ter perdido o apoio da coligação que o apoiava, em 21 de julho.
Ucrânia e Rússia assinam, no dia 22, acordos separados com a Turquia e a ONU para desbloquear a exportação de cerca de 25 milhões de toneladas de cereais presos nos portos do Mar Negro. António Guterres, secretário-geral da ONU, foi o mediador.
Em Eugene, nos Estados Unidos, no dia 24, o português Pedro Pablo Pichardo conquista o título de campeão do mundo do triplo salto, com a marca de 17,95 metros. Em 17 de agosto, sagra-se campeão da Europa do triplo salto, em Munique.
No dia 29, o Supremo Tribunal de Justiça confirma a condenação a nove anos de prisão dos três inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras envolvidos na morte do cidadão ucraniano Ihor Homeniuk, em março de 2020.
E em 30 de julho, o FC Porto conquista pela 23.ª vez, em 44 edições, a Supertaça Cândido de Oliveira em futebol, ao vencer o estreante Tondela, da II Liga, por 3-0, no Estádio Municipal de Aveiro.
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