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Ucrânia. Portugal mantém apoio para "não enfraquecer ordem internacional"

O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, sustentou esta quarta-feira que Portugal continuará este ano "a apoiar a Ucrânia, na sua procura de uma paz que seja justa e que reforce e não enfraqueça a ordem internacional".

Ucrânia. Portugal mantém apoio para "não enfraquecer ordem internacional"
Notícias ao Minuto

10:45 - 04/01/23 por Lusa

País Guerra na Ucrânia

Cravinho, que falava na sessão de abertura do Seminário Diplomático 2023, evento anualmente organizado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) que junta todos os embaixadores e/ou chefes de missões diplomáticas portugueses, sublinhou que, num ano que se inicia "com contornos de grande dificuldade e desordem no sistema internacional", as escolhas de Portugal no que diz respeito ao apoio à Ucrânia, "são claras".

Em simultâneo, afirmou pretender que todo o MNE "esteja mobilizado para a leitura atenta de um mundo em rápida mutação, contribuindo para o posicionamento apropriado" de Portugal.

"A prudência e uma certa dose de pessimismo sobre aquilo que pode correr mal no plano internacional podem e devem ser equilibrados pela confiança nas capacidades da nossa diplomacia em encontrar caminhos possíveis para a paz e o diálogo", defendeu.

Salientou também que "dentro da própria União Europeia (UE)" se vivem "igualmente tempos transformativos", pelo que esta não tem outra opção senão "transformar-se numa potência geoestratégica" -- uma transformação para a qual se apresentam "três prioridades inelutáveis".

A primeira é "ter um caminho claro para o relacionamento com a vizinhança", referindo-se a novas adesões -- que não têm existido e não se anteveem "num horizonte próximo", embora haja novos países candidatos -, e que implicam "importantes transformações institucionais internas", que "também não se vislumbram no horizonte".

"Se é verdade que o alargamento se tornou um imperativo geoestratégico, é igualmente verdade que a reforma institucional e financeira é um fator imprescindível para esse alargamento. Faz-nos falta um mapa para que possamos fazer esse caminho duplo e simultâneo, e é para esse mapa que Portugal deve contribuir", frisou.

A segunda prioridade para que a UE se torne uma potência geoestratégica é "o regresso da Europa ao estatuto de superpotência comercial".

Trata-se, prosseguiu, de "um estatuto que tivemos durante décadas, mas que abandonámos por falta de visão estratégica e pela força de interesses particulares em diferentes países".

"Hoje verificamos uma grande incapacidade na utilização da política comercial para projetar os interesses europeus. Aquilo que era a joia na coroa do relacionamento externo da União Europeia representa hoje um obstáculo anacrónico no aprofundamento de relações com países e regiões que gostariam de ser mais próximos de nós".

Por essa razão, considerou urgente ajudar a Comissão Europeia "a desempenhar plenamente o seu papel, a começar pelos acordos na América Latina, com o Chile, o México e o Mercosul [Mercado Comum do Sul]", agora que existe "uma dinâmica nova no Brasil", vincou, referindo-se ao regresso de Lula da Silva à Presidência naquele país, e acrescentando: "A Índia é outro país com o qual temos de ter visão macroestratégica para romper com o predomínio dos microinteresses e das microideias".

A terceira prioridade, defendeu o chefe da diplomacia portuguesa, é que "a Europa da Defesa é inadiável", o que "significa várias coisas".

"Desde logo, a promoção da capacidade de planeamento e condução de atividades militares no plano europeu (...), um processo de harmonização de aquisições, algo que apenas começou através da Agência Europeia de Defesa, [e] o desenvolvimento rápido e profundo de um ecossistema de indústrias de defesa no espaço europeu, algo que está também a dar os primeiros passos e que precisa de ser assumido pelos governos europeus como prioridade", enumerou.

"Há desenvolvimentos importantes, como é o caso do projeto europeu para o avião de combate, mas precisamos de alargar muito o leque de atividades em comum", prosseguiu, observando: "Tudo isto vai custar dinheiro, mas produzirá também retorno económico e científico e, no contexto que vivemos, temos de compreender esta prioridade".

Salientou ainda que "naturalmente, é importante que este processo seja conduzido de forma sinérgica com a NATO, em complementaridade e tirando proveito das mais-valias de cada instituição".

"Em relação a estas três dinâmicas necessárias na UE, a ligação entre alargamento e reforma institucional, a promoção de uma política comercial ambiciosa, e a consolidação de uma Europa da Defesa, Portugal tem um papel a desempenhar", frisou.

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