O diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ), Luís Neves, em declarações aos jornalistas sobre o ataque no Centro Ismaili, em Lisboa, avançou que "estão afastados todos os sinais de um crime motivado religiosamente" - ou seja, a possibilidade de estar em causa um caso de "terrorismo" está "praticamente afastada" -, numa altura em que passaram já "pouco mais de 24 horas" desde a ocorrência.
O diretor nacional da PJ indicou ainda que "há uma pessoa gravemente ferida, que está no hospital e que continuará durante muito tempo", juntando assim a acusação de um crime de homicídio na forma tentada a dois consumados.
Luís Neves indicou ainda que a autoridade já ouviu o suspeito do ataque, tendo-se determinado que estamos "perante a prática de um crime de natureza comum".
Após ter "mapeado" a vida deste indivíduo, em colaboração com autoridades internacionais, a PJ determina, assim, que "não há o mínimo indício que permita afirmar que estamos perante a radicalização, sobretudo na matriz religiosa, de uma pessoa". Porém, Luís Neves admitiu: "Há respostas que ainda nos faltam".
Em declarações aos jornalistas, o diretor nacional da Polícia Judiciária adiantou ainda que, no decorrer do ataque, o suspeito estaria a passar por um "momento de surto psicótico, que levou a que este trágico incidente tenha ocorrido".
Quanto às buscas à casa de Abdul Bashir, Luís Neves apontou que as mesmas ocorrerão "a qualquer momento", estando a PJ a aguardar por um "mandado judicial" para que possam levá-las a cabo. O diretor nacional da PJ disse ainda que o Ministério Público (PJ) tem estado a acompanhar o caso.
Deixando uma "palavra solidária à comunidade ismaelita", o diretor nacional da PJ dirigiu ainda uma palavra à Polícia de Segurança Pública (PSP), manifestando o "enorme orgulho pelo trabalho que desenvolveram" e pela sua "eficácia" - permitindo a "inviabilização" do ataque em curso "num curto espaço de tempo".
Na manhã de terça-feira, recorde-se, um homem de nacionalidade afegã tirou a vida a duas mulheres portuguesas no Centro Ismaili, na Avenida Lusíada, em Lisboa. O agressor foi baleado na perna pelas autoridades policiais, tendo já sido submetido a uma intervenção cirúrgica. De momento, encontra-se estável.
Horas depois do sucedido, sabe-se agora que o autor do ataque trata-se de Abdul Bashir, que perdeu a mulher num incêndio num campo de refugiados em Lesbos, residindo agora em Lisboa com os seus três filhos.
O acontecimento provocou consternação no seio da comunidade ismaelita em Portugal, com o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, a ter-se disponibilizado para ser ouvido no Parlamento sobre o tema.
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