"Ajustem porque não vai haver mais recursos humanos. Percebo perfeitamente que cada um dos comandantes quer fazer mais e melhor. Está na nossa génese de polícias. É isso que se exige que todos façamos, cada um ao seu nível. Mas cabe ao diretor nacional, com os recursos que lhe são postos à disposição, sejam materiais e humanos - ouvir com atenção todos -, na divisão da área, olhar para o contexto todo", afirmou Manuel Magina da Silva.
Dirigindo-se ao comandante distrital de Leiria, José Figueira, o diretor nacional acrescentou: "senhor comandante, faça o melhor que sabe e pode com os recursos que lhe são alocados, que é exatamente isso que temos todos que fazer".
Na cerimónia do 149.º aniversário do Comando Distrital da PSP de Leiria, que decorreu em Pombal, José Figueira, salientou que a "segurança é um fator decisivo e basilar para o desenvolvimento da economia, o que permite atrair e fixar investimentos, para além de ser o pressuposto para o exercício dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos num Estado de Direito democrático".
Para o comandante, esse "bem vital, que é a segurança, também carece de investimento", não obstante Portugal ser o "quarto país mais seguro do mundo", o que "não é suficiente".
José Figueira recordou o aumento de competências e de valências que a PSP tem vindo a ganhar nos últimos tempos e que trazem "exigências e desafios de formação diferenciados e de empenho operacional acrescidos, às quais não correspondeu um adequado aumento de efetivo".
"Em contraciclo, inexplicavelmente, temos assistido a uma diminuição do efetivo dos operacionais no terreno, com implicações na nossa capacidade de assegurar o pleno exercício das nossas competências", destacou.
Segundo José Figueira, nos últimos dez anos, o "Comando Distrital de Leiria da PSP assistiu a uma diminuição do seu efetivo em cerca de 50 polícias".
"Este número não seria excessivamente preocupante caso não tivesse coincidido temporalmente com a assunção de responsabilidades e atribuições acrescidas que exigiram a reafetação de recursos da qual decorreu uma diminuição do policiamento de proximidade e visibilidade", adiantou.
Acresce a este contexto, o crescimento de agentes em baixa médica e em serviços moderados, "resultado de um desgaste físico e psicológico acentuado e acumulado ao longo de anos, normalmente longe da família e em condições de vida inadequados".
"A diminuição dos recursos humanos é incontornavelmente preocupante, pois o desfasamento entre os recursos existentes e as necessidades faz-nos equacionar o risco de não cumprir plenamente a nossa missão primordial", reforçou.
À margem da sua intervenção, José Figueira afirmou que o comando está a trabalhar com o Município de Leiria para "implementar a segunda fase do projeto das câmaras de videovigilância", o que vai "melhorar as condições de trabalho dos polícias", na medida em que é possível "obter prova de muitos dos crimes que se passam na via pública".
"A missão é sempre cumprida", garantiu, admitindo, contudo, que os agentes poderão exceder o seu tempo de trabalho. "Portanto, não havendo tantos meios, vai haver uma sobrecarga para todos nós, para o comandante e para o polícia menos graduado".
Leia Também: Discoteca de Leiria "repudia" agressões e afasta um dos intervenientes