"É essencial darmos uma resposta. Ou sim ou não à possibilidade de acordo. Estamos muito longe desse acordo e não deixaremos de o fazer por causa de questões procedimentais", disse aos jornalistas o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Jorge Roque Cunha.
O dirigente sindical afirmou ter sido surpreendido com o facto de a Federação Nacional dos Médicos (Fnam) ter pedido para ver os diplomas das Unidades de Saúde Familiar e da criação do regime da dedicação plena dos médicos.
"A Fnam decidiu hoje colocar como questão o conhecimento prévio de um documento que já foi promulgado pelo Presidente da República e está para referendo do primeiro-ministro. Fomos surpreendidos nesta reunião. Esperemos que nesta reunião essa questão seja ultrapassada, porque queremos resolver o problema do Serviço Nacional de Saúde [SNS]", observou.
Poucos minutos mais tarde, a presidente da Fnam, Joana Bordalo e Sá confirmou ter sido feita uma pausa e que as negociações iriam ser retomadas "com toda a normalidade e toda a regularidade", após terem acesso aos documentos solicitados.
"É fundamental conhecermos o conteúdo destes diplomas para nos podermos pronunciar sobre o princípio de acordo que temos em cima da mesa. (...) A Fnam necessita conhecer esses articulados para poder continuar a discutir o documento que o Governo nos apresentou", referiu.
Joana Bordalo e Sá considerou também que será difícil chegar a um acordo com o Governo ainda hoje.
"(...) Provavelmente vai ser mesmo difícil, tendo em conta o documento que nos foi enviado, que não contempla aquilo tudo que foi debatido (...) na reunião que tivemos no domingo, que durou nove horas. Saímos daqui [Ministério da Saúde] no domingo com a sensação de que alguns dos princípios estariam efetivamente acordados", salientou.
As negociações entre o Ministério da Saúde e o SIM e a Fnam iniciaram-se há 18 meses, mas a falta de acordo tem agudizado a luta dos médicos, com greves e declarações de escusa ao trabalho extraordinário além das 150 horas anuais obrigatórias, o que tem provocado constrangimentos e fecho de serviços de urgência em hospitais de todo o país.
Leia Também: Utentes sem médico de família? Pizarro anuncia contratos com setor social