Em comunicado, o Sindicato da Carreira de Investigação e Fiscalização, que representa os inspetores do extinto Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e que estão agora a ser integrados de forma ordenada na carreira de investigação criminal na Polícia Judiciária, "repudia veementemente a utilização massiva de inspetores da PJ em todas as missões relacionadas com o controlo de pessoas nas fronteiras que deviam estar a ser cumpridas, nos termos da lei pela Polícia de Segurança Pública e pela Guarda Nacional Republicana".
O sindicato refere que "todos os dados disponíveis indicam que, ao nível operacional, o controle de fronteiras está a ser assegurado por uma maioria de inspetores da Polícia Judiciária", defendendo que a GNR e a PSP têm de assumir as competências que lhes estão confiadas e levar a cabo as suas missões".
Com a extinção do SEF, em 29 de outubro, os mais de 700 inspetores foram transferidos para a PJ, existindo "um regime de afetação funcional transitório", que permite a estes profissionais exercerem funções, até dois anos, na GNR e na PSP nos postos de fronteira aérea e marítima.
À GNR, responsável pelas fronteiras marítimas e terrestres, ficaram afetos 80 inspetores, enquanto 324 ficaram na PSP, que assume o controlo das fronteiras aéreas.
"O que aconteceu é que, apesar de a lei conferir competências do extinto SEF à GNR e à PSP, na prática a Polícia Judiciária tem de assumir o controlo das fronteiras nacionais, em especial as aéreas, alocando os seus recursos humanos ao cumprimento de missões que a lei confere a outros", afirmou à Lusa o presidente do sindicato Rui Paiva.
O sindicalista considera que, "para além do evidente incumprimento da missão que a lei atribui à PSP e da GNR, a PJ necessita desses recursos para continuar um processo cada vez mais exigente de investigação da criminalidade violenta e transnacional".
Segundo Rui Paiva, esta situação em nada favorece o cumprimento da missão atribuída à PJ.
Para este sindicato, é fundamental que se "iniciem imediatamente os procedimentos necessários à transmissão de conhecimentos àqueles que têm por missão assumir estas competências".
"À GNR e a PSP cabe guarnecer as unidades de fronteira com guardas e polícias dos seus quadros, e assumir as competências que lhes estão confiadas, levando a cabo as suas missões, que não pertencem à Polícia Judiciária." precisou Rui Paiva.
O sindicalista considerou também que as duas forças de segurança, "em especial a PSP", tiveram "muito tempo para se prepararem e organizarem para as funções do SEF que transitaram para as suas competências, mas não o fizeram".
"Para haver passagem de conhecimento tem de estar presente alguém para o receber", disse, sublinhando que "não é com um punhado de polícias que a PSP afeta a cada turno, nos aeroportos, que vai haver essa passagem".
Rui Paiva disse ainda que os inspetores da PJ "podem e devem ser chamados a apoiar os elementos da GNR e PSP, nesta transição, nomeadamente para os formar, e não serem utilizados para substituir estas forças e colmatar as suas lacunas, como está a acontecer."
A PJ ficou com a competência do SEF relacionada com a investigação da imigração ilegal e tráfico de pessoas.
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