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Explicação sobre "parágrafo assassino" do Governo foi "para tolinhos"

Na ótica do comunicador, a procuradora-geral da República "não sabe o que há-de esclarecer, porque o parágrafo não foi um tiro no pé, foi um tiro no regime, e não tem desculpa nenhuma para isso".

Explicação sobre "parágrafo assassino" do Governo foi "para tolinhos"
Notícias ao Minuto

08:34 - 24/11/23 por Notícias ao Minuto

País Crise política

O jornalista Miguel Sousa Tavares considerou, na quinta-feira, que as explicações fornecidas pela procuradora-geral da República, Lucília Gago, a propósito do “parágrafo assassino” que derrubou o Governo e o primeiro-ministro, António Costa, foram destinadas a “tolinhos”, equacionando que a responsável “não sabe o que há-de esclarecer”.

“O esclarecimento que tinha de dar, e foi perguntada sobre isso, foi por que aquele último parágrafo, o tal parágrafo assassino, que levou o primeiro-ministro a demitir-se. E, sobre isso, o esclarecimento que deu é para tolinhos”, começou por apontar o comentador, na CNN Portugal.

Na ótica do comunicador, a procuradora-geral da República “não sabe o que há-de esclarecer, porque o parágrafo não foi um tiro no pé, foi um tiro no regime, e não tem desculpa nenhuma para isso”.

“Aquilo foi um erro; as pessoas não gostam de reconhecer os erros. Também foi perguntada sobre os erros do inquérito e não quis responder”, recordou.

Até porque, clarificou, “o Ministério Público (MP) tem todos os dias notícia de vários crimes, por denúncias anónimas, por denúncias que não são anónimas, por suspeitas que lhe veem parar por várias vias, e a regra é não ir a correr, tornar público a rufar tambores e dizer, ‘estamos a investigar fulano tal’, por uma questão de eficácia da investigação”.

“Amanhã, vem outro primeiro-ministro e não gosto dele. Mando uma denúncia ao MP, anónima ou não, e digo que suspeito que este primeiro-ministro está envolvido num crime. E o MP abre um inquérito e, por dever de transparência, como ela disse, torna público. É assim que as coisas acontecem e, depois, ele tem de se demitir? Não, não é assim que as coisas acontecem. Portanto, esse esclarecimento não esclareceu nada, de facto”, atirou.

Quanto à questão da polémica em torno da ida da responsável ao Palácio de Belém para uma audiência com o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, Miguel Sousa Tavares considerou ser “evidente que nenhum dos intervenientes se portou muito bem nesta história”, ainda que esteja “esclarecido que o primeiro-ministro sugeriu ao Presidente da República, ‘olhe, chame cá a procuradora para saber se ela tem alguma coisa contra mim, porque se tiver, tenho de me demitir’”.

“Se olharmos para a fita do tempo, vem a procuradora a Belém, e só depois de sair de Belém é que faz um comunicado onde visa o primeiro-ministro, e só depois disso é que ele se demite. Seria muito curioso saber o que é que o Presidente perguntou à procuradora e o que é que ela respondeu, porque manifestamente ela deve ter dito, ‘sim, há coisas graves contra o primeiro-ministro, e vou pôr isso num comunicado que vai sair’. E não sabemos se o Presidente lhe disse, ‘ouça, veja lá o que é que vai pôr no comunicado, porque isso vai derrubar o Governo’. Será que lhe disse isso, será que não disse? Será que a deixou seguir com isso? Seria interessante saber”, rematou.

De notar que Lucília Gago quebrou o silêncio quanto à crise política em que Portugal se encontra mergulhado na quinta-feira, tendo transmitido que não se sente “responsável por coisa nenhuma”.

Ressalvou, também, ter incluído o parágrafo referente à investigação que pende sobre António Costa no Supremo Tribunal de Justiça por uma “necessidade de transparência”.

Face aos acontecimentos do dia 7 de outubro, no qual o primeiro-ministro apresentou a sua demissão, que foi aceite, depois de o Ministério Público ter revelado que é alvo de uma investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça sobre projetos de lítio e hidrogénio, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, optou por dissolver a Assembleia da República e convocar novas eleições, que acontecerão a 10 de março de 2024.

Naquela manhã, as buscas da Polícia de Segurança Pública (PSP) e do Ministério Público culminaram com a detenção de cinco pessoas - entretanto libertadas -, incluindo o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária. Já o ministro das Infraestruturas, João Galamba, foi constituído arguido.

Por seu turno, António Costa recusou a prática "de qualquer ato ilícito ou censurável" e manifestou total disponibilidade para colaborar com a justiça "em tudo o que entenda necessário", numa declaração a partir do Palácio de São Bento.

Leia Também: Crise? "Não me sinto responsável por coisa nenhuma", esclarece PGR

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