No dia 30 de novembro, o Centro de Saúde de Mira recebeu a confirmação de que uma das suas médicas vai efetivar a mobilidade, deixando sem serviços médicos as extensões de saúde de Lentisqueira e Carapelhos.
"Devido ao regime de contratação, uma outra médica solicitou a rescisão de contrato, que se concretizará até ao final deste mês de dezembro. Deixará o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e irá trabalhar num sistema privado. Existe ainda, uma contratação em vigor, a meio tempo, que terminará já em janeiro de 2024, um cenário que deixará Mira numa situação insustentável onde, num mapa onde deviam constar nove médicos, restarão apenas quatro", disse, citado numa nota de imprensa, o presidente da Câmara Municipal de Mira, Artur Fresco.
Logo que a autarquia foi informada foram solicitadas reuniões com "caráter de urgência" ao Ministério da Saúde e à Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro.
"Tememos que, com o panorama político nacional instável que vivemos, este assunto tão sério e tão urgente, não tenha a solução exigida em tempo útil. Estamos seriamente preocupados com esta situação. Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance, na tentativa de minimizar o transtorno causado às nossas populações," sublinhou.
De acordo com a Câmara de Mira, com a entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 102/2023 de 07 de novembro, sobre a criação das unidades locais de saúde (ULS), os jovens médicos, recém-especialistas, não encontram a motivação desejada para vincularem na função pública.
Perante este cenário "extremamente desfavorável", a coordenação do Centro de Saúde decidiu manter as extensões de saúde abertas, garantindo, pelo menos, um enfermeiro e um assistente técnico, permitindo salvaguardar serviços de atendimento e de cuidados de enfermagem.
O município recordou que assumiu as transferências de competências na área da Saúde, no dia 01 de outubro, tendo ficado acordado, nomeadamente, que iria ser substituído o aparelho de raios X, há muito avariado.
Os utentes do Centro de Saúde de Mira que necessitam de exames radiológicos têm constantemente de efetuar deslocações para resolverem a sua situação, cenário que a Câmara Municipal tenta impedir com a aquisição do novo aparelho.
A Câmara deu ainda nota de que, a curto prazo, terão início as obras de requalificação do Centro de Saúde e serão submetidas as candidaturas para as obras necessárias nas quatro extensões de saúde do concelho.
Leia Também: FNAM diz que Governo será incapaz de atrair médicos para o SNS