O Sindicato Nacional da Polícia (SINAPOL) indicou, esta quinta-feira, que tanto o seu presidente, Armando Ferreira, como o próprio sindicato "têm sido apedrejados na praça pública" e que, portanto, será apresentada queixa ao Ministério Público (MP) por "declarações caluniosas" contra quem "difamou ou caluniou" Armando Ferreira - nomeadamente comentadores, o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, e o primeiro-ministro, António Costa.
De acordo com o advogado do sindicato, Alexandre Zagalo, a estrutura sindical avança com a ação judicial contra várias pessoas, incluindo o MAI e o próprio primeiro-ministro, pela interpretação que fizeram das suas declarações e pela associação do presidente do SINAPOL, Armando Ferreira, a movimentos extremistas.
"A área jurídica reuniu-se porque entende que está em causa a violação da autonomia sindical e a ser posto em causa o direito à liberdade, entendendo tratar destas questões como devem ser tratadas, no Tribunal. É isto que vamos fazer", referiu Alexandre Zagalo, em nome do sindicato.
Segundo o SINAPOL, no entanto, quem "atirou a primeira pedra foi o ministro [da Administração Interna] quando pretende escrutinar, sindicar as palavras do presidente do SINAPOL". "O que está em causa não é uma situação disciplinar, é um direito constitucional do exercício livre da atividade sindical", acrescentou.
Alexandro Zagalo considerou "caluniosas" as declarações do MAI, em conferência de imprensa no passado domingo, quando anunciou a abertura de um inquérito na Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) às declarações de Armando Ferreira na SIC Notícias, interpretadas como um apelo ao boicote às legislativas de março, ligando ainda os protestos sindicais a movimentos extremistas nas polícias, e as declarações do primeiro-ministro, que atribuiu a Armando Ferreira uma "ameaça implícita" de perturbação nas próximas eleições.
"Isto é calunioso. Mais calunioso é juntar o presidente do Sinapol implicitamente a movimentos extremistas e ofende naturalmente a honra e a dignidade do sindicato e do seu presidente. Em nenhum momento da vida particular, pessoal e profissional o presidente incentivou e amparou algum movimento extremista. Portanto, não há ameaça absolutamente nenhuma", disse.
Alexandre Zagalo referiu que o sindicato tem seis meses para avançar com a queixa-crime, e admitiu que tal possa não acontecer se houver "uma retratação" de quem proferiu as declarações que o sindicato considera caluniosas.
"Não percebo porque é que as declarações [do presidente do SINAPOL] tiveram este eco, mas o sindicato e o presidente do sindicato vão ter de defender a sua honra", continuou.
O advogado admitiu ainda a possibilidade de o sindicato avançar com uma ação separada contra o inquérito instaurado na IGAI, tendo Armando Ferreira, a esse propósito, afirmado que ainda não foi contactado para prestar quaisquer esclarecimentos, mas manifestado a sua disponibilidade para tal, ainda que entenda não estar "sob sufrágio" da IGAI nas suas funções sindicais.
"Estarei sob sufrágio dos meus associados, nunca de poder político, de poder disciplinar institucional da PSP ou poder disciplinar e inquérito da IGAI. Isso é preciso deixar bem claro. Ainda não fui, estou sempre disponível para esclarecer o que houver para esclarecer, mas penso que em breve a própria IGAI irá se aperceber que a legitimidade se calhar não existe para promover o que quer que seja num processo que não tem competência para aferir", destacou.
Recorde-se que, para espanto dos adeptos (e não só), o jogo do Famalicão-Sporting, da Primeira Liga de futebol, previsto para as 18 horas de sábado, foi cancelado devido à falta de policiamento da Polícia de Segurança Pública (PSP).
Na sequência do cancelamento do jogo devido à falta de policiamento, Armando Ferreira alertou, numa entrevista à SIC Notícias, que as Eleições Legislativas, marcadas para 10 de março, também poderiam estar em risco, porque são os polícias que transportam as urnas de voto.
O ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, participou à Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) as declarações do presidente da SINAPOL que ameaçaram "colocar em causa a atividade da PSP durante os próximos atos eleitorais" e "a instauração urgente de inquéritos relativos ao policiamento dos jogos Famalicão - Sporting e Leixões – Nacional da Madeira".
[Notícia atualizada às 17h25]
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