Fenprof apreensiva com escolha de um economista para liderar Educação

A escolha do economista Fernando Alexandre para liderar a pasta da Educação surpreendeu as principais organizações sindicais do setor e o secretário-geral da Fenprof disse mesmo temer que o ministro traga uma "perspetiva economicista" para responder aos problemas.

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Lusa
28/03/2024 21:35 ‧ 28/03/2024 por Lusa

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"Aquilo de que educação menos precisa é de ser gerida por políticas economicistas, de liberalização", disse à Lusa Mário Nogueira, da Federação Nacional dos Professores (Fenprof).

O economista e ex-secretário de Estado Adjunto da Administração Interna Fernando Alexandre foi a escolha de Luís Montenegro para a pasta do "superministério" que junta educação, ciência e ensino superior, uma opção que surpreendeu, e preocupa, o líder da Fenprof.

Para Mário Nogueira, o problema está na seleção de um homem da economia e gestão e que o novo ministro leve para o setor "uma perspetiva economicista e a ideia de que a escassez de recursos humanos, nomeadamente professores, não se resolve com a valorização da profissão, mas com manobras de gestão".

"Seria um desastre", acrescentou, sublinhando que, à semelhança da educação, também a ciência e ensino superior são setores "muito marcados pelo subfinanciamento, por situações de precariedade e desvalorização das profissões, que estão a levar a uma crescente falta de profissionais".

Também o secretário-geral da Federação Nacional da Educação (FNE) admitiu surpresa e, a propósito de Fernando Alexandre, ainda que lhe reconheça "um currículo riquíssimo", e ainda que lhe pareça que, "de um ponto de vista abstrato", esta opção não seja "a melhor solução" para a pasta, disse preferir esperar pela composição final deste ministério para tomar uma posição definitiva.

"Se aquilo que vier acontecer quando apresentarem as secretarias de Estado for termos secretários de Estado com autonomia, capacidade de intervenção, conhecedores daquilo que são as necessidades, que no caso da Educação têm vindo a ser notórias, tudo bem. Para já é um bocadinho precoce estarmos a avançar com o que for, porque nos falta agora perceber de que forma é que a estrutura será montada", disse.

Garantido para a FNE é que assim que o Governo tomar posse, a 02 de abril, será enviado nesse mesmo dia um ofício a pedir uma reunião "com caráter de urgência" para apresentar as reivindicações da federação, para que o Governo "ainda possa incorporar alguma coisa" no seu programa.

Em nome do setor dos colégios privados, a Associação dos Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo (AEEP) felicitou o novo ministro da Educação, tendo o diretor executivo da associação, Rodrigo Queiroz e Melo, desejado que "esta legislatura permita voltar a olhar para a especificidade do ensino privado mas também para o contributo que tem a dar para o sistema educativo nacional como um todo".

O chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, aceitou hoje a lista de ministros do XXIV Governo Constitucional entregue pelo primeiro-ministro indigitado, Luís Montenegro.

Segundo a proposta apresenta por Luís Montenegro, o novo ministério, que será liderado pelo economista e ex-secretário de Estado Adjunto da Administração Interna, substitui os ministérios da Educação e do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

O primeiro-ministro indigitado, Luís Montenegro, e os ministros do XXIV Governo Constitucional tomam posse na terça-feira e os secretários de Estado na sexta-feira. O debate do programa de Governo marcado para 11 e 12 de abril.

Leia Também: Ex-secretário de Estado é escolha para liderar Ministério da Educação

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