Mário Lúcio, escritor, cantor e compositor cabo-verdiano, natural do Tarrafal, evocou os "maltratados" e "ultrajados" na abertura do espetáculo, narrando o sofrimento da viagem pelo mar dos primeiros presos, até chegarem ao desterro que havia de encarcerar quase 600 pessoas.
"Já não é mais uma prisão e que nunca mais o volte a ser", disse Teresa Salgueiro, que depois cantou "Por trás daquela janela" que José Afonso dedicou a quem também estava preso em Caxias sob a ditadura.
A música de Angola ecoou pela voz de Paulo Flores, música "feita tanto de sofrimento como de esperança", explicou, para, mais à frente, cantar "Amanhã", do Duo Ouro Negro.
Karyna Gomes levou ao palco a voz da Guiné-Bissau, "um país fundamental" para a liberdade que hoje se celebra, porque a luta de libertação assim o ditou.
"A nossa luta foi toda cantada" e esses foram temas escolhidos para um espetáculo de união, em que a cantora pediu um "viva" a Amílcar Cabral.
Mário Lúcio, Teresa Salgueiro, Carina Gomes e Paulo Flores a cantar Zeca Afonso no Tarrafal. pic.twitter.com/rlEGdK76dn
— BernardoPiresdeLima (@Bernardo_PL) May 1, 2024
"Ele vive em nós", acrescentou, numa evocação do líder pela independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde.
Quase no final, os quatro juntaram-se para cantar "Venham mais cinco", de José Afonso.
Na primeira fila da plateia, assistiram ao espetáculo o Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, o chefe de Estado cabo-verdiano, José Maria Neves, e o ministro da Defesa de Angola, em representação de João Lourenço -- o Presidente guineense, Sissoco Embalo, interveio na sessão especial, ao fim da manhã, mas ausentou-se logo depois.
Nos discursos da altura, os chefes de Estado apontaram o antigo campo (hoje, museu) como exemplo daquilo que nunca mais se quer, defendo a consolidação da democracia e liberdade.
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