O antigo primeiro-ministro, António Costa, comentou, esta sexta-feira, as palavras proferidas pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, durante um jantar com jornalistas estrangeiros, no qual o chefe de Estado considerou que o atual primeiro-ministro, Luís Montenegro, tem "comportamentos rurais" e que o seu antecessor é "lento por ser oriental". Recordando ser "um otimista", Costa assegurou ter encarado a descrição como "um elogio", mas não deixou de lançar uma farpa a Marcelo.
"Como sabe sou um otimista e, portanto, vejo sempre o lado bom. Interpretei essas palavras como sendo um elogio, de uma forma ponderada de estar na vida e de exercer a vida política", começou por dizer, em declarações à CNN Portugal.
Ainda assim, o socialista equacionou que as afirmações de Marcelo poderão ter sido "uma certa autocrítica por não ter esta costela oriental e, muitas vezes, haver menos ponderação por parte do senhor Presidente".
O ex-chefe do Governo assegurou, assim, que não se sentiu ofendido, tendo recordado que mantém uma relação de longa data com o Presidente da República.
"Não, não, não [fiquei ofendido]. Tenho uma relação com o professor Marcelo Rebelo de Sousa. Há quase 40 anos foi meu professor e, quando cada um exercia a sua atividade privada, colaborámos profissionalmente. Depois, tivemos sempre relações cordiais quer fora de funções, quer no exercício de funções. Nunca foi para nós surpresa haver divergências entre nós, porque isso faz parte da vida", disse.
E concretizou: "Os primeiros-ministros têm uma função, o Presidente da República tem outras. Sendo da mesma família política gera necessariamente tensões, sendo de diferentes famílias políticas, gera também necessariamente pontos de divergência, o que é absolutamente normal e nunca feriu as nossas relações pessoais."
[Notícia atualizada às 12h15]
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