A denúncia do "linchamento" de uma criança nepalesa de nove anos tem pouco mais de 24 horas, mas já ‘mexeu’ com vários setores da sociedade – de políticos a celebridades. Em causa está uma agressão a uma criança, de nove anos, agredida numa escola em Lisboa por um grupo de cinco outros menores.
A situação foi denunciada à Rádio Renascença pela diretora executiva do Centro Padre Alves Correia (CEPAC), Ana Mansoa, que considerou não haver dúvidas sobre as motivações "xenófobas e racistas" deste "linchamento".
A agressão foi ainda filmada, por uma sexta criança, e as imagens circularam em vários grupos de WhatsApp. Os agressores proferiram frases como "vai para a tua terra" ou "não queremos nada contigo", e, segundo a diretora da CEPAC as consequências do ataque resumiram-se a "uma delas ser suspensa por três dias".
Dos famosos aos políticos... Eis as condenações
A situação deixou várias personalidades indignadas, e houve reações por parte não só de responsáveis políticos como também de celebridades.
A ministra da Administração Interna (MAI), Margarida Blasco, declarou ao ser confrontada com o incidente que "todos os crimes, e sobretudo os crimes de ódio, são de uma gravidade imensa".
"Aquilo que eu posso adiantar é que, em conjunto com as autoridades policiais, vamos reforçar quer o policiamento junto das escolas, quer o policiamento de proximidade, no sentido de recolocar o dispositivo de forma a prevenir, que é uma primeira fase", garantiu a governante.
Também a deputada socialista Isabel Moreira recorreu às redes sociais para demonstrar a sua indignação. "Três dias de suspensão? Não podemos ficar pelas palavras de solidariedade. As causas estão identificadas. O racismo combate-se com planos, com política. O racismo repara-se", escreveu numa publicação partilhada.
3 dias de suspensão? Não podemos ficar pelas palavras de solidariedade. As causas estão identificadas. O racismo combate - se com planos, com política . O racismo repara - se. https://t.co/mEzNY1ATHu
— Isabel Moreira (@IsabelLMMoreira) May 15, 2024
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, condenou, através do X, a situação, mostrando "solidariedade" não só para com a vítima, como também com a família. "O racismo não tem lugar em Lisboa", escreveu ainda na publicação partilhada na terça-feira.
É uma situação absolutamente condenável e inqualificável. As notícias sobre um menino nepalês de nove anos que foi "vítima de linchamento" numa escola de Lisboa só nos pode chocar a todos. A minha solidariedade para com esta criança e família.
— Carlos Moedas (@Moedas) May 14, 2024
O racismo não tem lugar em Lisboa.
A situação foi ainda comentada por celebridades, como a apresentadora Rita Ferro Rodrigues, que apontou que ficou "fisicamente mal disposta com esta notícia". "É nisto que dá a normalização do discurso de ódio feito por partidos compostos por malta que depois de se benzer muito, vai à missa e fala em nome de Deus", escreveu no Instagram.
Também Nuno Markl abordou a situação, apontando que alguns comentários feitos sobre a notícia mostram quão Portugal está "doente". "Cheguei a ler algo como 'e se fossem crianças nepalesas a bater numa portuguesa, era notícia?', o que, de várias maneiras, é das coisas mais estúpidas que me foram dadas a ler nos últimos anos", atirou, explicando que os agressores, "estão a pôr em prática o que ouvem em casa".
O apresentador Rui Maria Pêgo referiu. "Que horror. Os discursos de ódio promovem isto: infiltrações que chegam dos pais aos filhos e que provocam estas violências, hoje com esta criança, amanhã de outras formas. É esse o problema da violência - multiplica-se quando não tem freio, nem consequência", notou.
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