O projeto assenta em sete eixos estratégicos, sendo que dois deles passam por programas de mentoria interpares e de tutoria de docentes junto dos estudantes.
A vice-presidente do Politécnico de Leiria, Graça Poças Santos, explicou que o objetivo é os caloiros serem "acompanhados por pares, portanto, estudantes de anos mais avançados, que vão ajudar à sua integração".
Isto porque a instituição tem vindo a notar que, cada vez mais, os alunos têm "dificuldades em se integrar, em comunicarem e em se reunirem em grupo".
Esta mentoria irá integrar os alunos do 1.º ano, que entram pela primeira vez no Politécnico de Leiria "em coisas tão simples como os serviços académicos, para que é que servem, como é que eles podem tratar de um qualquer assunto".
Os estudantes mentores terão formação pedagógica e serão recompensados com uma bolsa.
Por outro lado, os docentes tutores, que também terão formação, poderão ajudar os alunos a "saberem gerir, por exemplo, o calendário de testes e dos trabalhos", exemplificou.
"Não é para serem explicadores dos alunos. Temos programas de formação específicos para as áreas que tiverem dificuldades, mas poderão ajudar a acompanhar num trabalho", precisou, ao acrescentar que podem orientar os estudantes a encontrar alguma da informação que está disponível no 'site' do Politécnico de Leiria.
O Observatório para o Sucesso Académico 2.0 (OPSA) prevê ainda a criação de redes de colaboração com entidades sociais, culturais e desportivas para promover a plena inclusão dos estudantes.
Uma das professoras coordenadoras do OPSA 2.0, Susana Monteiro, revelou que em 2020/2021 (ano de comparação) a taxa de renovação dos estudantes inscritos no 1.º ano foi de 84%, o que indica um abandono de 16%.
A meta pretendida nos próximos dois anos de implementação do OPSA 2.0 é atingir uma renovação na ordem dos 85,63%, fazendo cair a taxa média de abandono escolar para os 14,37%, apontou a docente.
A taxa de abandono do último ano letivo 2022/2023 foi de 12,9% informou o Politécnico de Leiria à Lusa.
Graça Poças Santos afirmou que o abandono, sobretudo nos cursos Técnicos Superiores Profissionais, tem vindo a subir. "Não é só por razões financeiras, são mesmo problemas de integração na cidade. Eles vêm para um sítio novo. Têm de tratar de tudo, da sua alimentação, do quarto... Hoje, os estudantes têm muita dificuldade em fazer este tipo de abordagens", constatou.
A vice-presidente admitiu que hoje os alunos são mais imaturos, mas também porque "há uma maior democratização do ensino". "Chegam pessoas muito diversas, cada vez mais heterogéneas, com necessidades específicas, com problemas em termos de saúde mental, que antigamente não chegavam". Por isso, a instituição tem "de ir respondendo a esses novos públicos", acrescentou.
O presidente do Politécnico de Leiria, Carlos Rabadão, explicou que o projeto resulta de uma candidatura ao Plano de Recuperação e Resiliência e tem uma dotação de 645 mil euros para os próximos dois anos. "A nossa preocupação não são só os alunos de 1.º ano, primeira vez, mas todos os estudantes, para que eles não abandonem", frisou ainda.
Carlos Rabadão considerou que não se deve olhar para o OPSA como "mais um projeto, mas como um instrumento e uma ferramenta" ao dispor "para integrar a estratégia da instituição para mitigar o abandono".
O dirigente salientou que o programa prevê adotar "práticas pedagógicas inovadoras" e "fortalecer práticas de autoaprendizagem e de trabalho colaborativo".
Para os alunos terem o acompanhamento que o OPSA disponibiliza terão de se inscrever numa plataforma, que depois os encaminhará para um mentor ou tutoria.
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