Idanha-a-Nova reserva-se direito de fazer queixa contra Habeas Corpus

A Câmara de Idanha-a-Nova anunciou hoje que reserva-se o direito de apresentar queixa no Ministério Público sobre a invasão da apresentação do livro "Mamã, quero ser um menino", por elementos da associação Habeas Corpus.

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© Reprodução Facebook habeas corpus

Lusa
07/08/2024 13:54 ‧ 07/08/2024 por Lusa

País

Habeas Corpus

"Este comportamento não é admissível num Estado de Direito em que a liberdade de expressão é um dos direitos fundamentais", afirmou hoje à agência Lusa, o presidente deste município do distrito de Castelo Branco.

 

No sábado, durante a apresentação do livro "Mamã, quero ser um menino", da autoria de Ana Rita Almeida, inserida na programação da XXIV Feira Raiana, elementos da associação Habeas Corpus invadiram a sala do Centro Cultural Raiano (CCR) onde a mesma ocorreu.

A autora do livro avançou que ia avançar com uma queixa contra elementos da associação Habeas Corpus, após terem invadido uma apresentação no Centro Cultural Raiano, em Idanha-a-Nova, no sábado à tarde.

"Foi uma coisa atroz, para criar desacatos e desinformação: gritaram 'isto acabou aqui', questionando porque se estava a apoiar um livro homossexual. Fui retirada da sala, juntamente com o presidente da Câmara Municipal, que também tinha feito uma intervenção momentos antes", descreveu.

O presidente da autarquia, Armindo Jacinto, referiu que "não se deixa intimidar por pessoas que, de forma desordeira, prepotente e intimidatória, entraram aos gritos na referida sala, empurraram cadeiras e, sem qualquer autorização, colaram cartazes nas paredes".

"O município de Idanha-a-Nova nunca se deixará amedrontar por movimentos extremistas, racistas e xenófobos", reforçou.

O autarca salientou ainda que a Câmara de Idanha-a-Nova irá continuar a apoiar manifestações artísticas, a organizar e promover todas as iniciativas de expressão artísticas que respeitem os valores fundamentais que são a base de um Estado de Direito. 

"Trata-se, a nosso ver, do mais elementar serviço público e não deve ser confundido com qualquer imposição de uma determinada ideologia. Infelizmente esta não é a primeira vez que esta associação se comporta desta maneira violenta", sintetizou.

Armindo Jacinto sublinhou, ainda em declarações, hoje, à agência Lusa, que o livro terá o condão de despertar consciências sobre o tema e promover a sua discussão.

"A Identidade de Género é um tema muito pertinente nos tempos que correm e não devemos ter receio de o abordar, discutir e enfrentar, trocando ideias e opiniões e transmitindo a nossa posição sempre de forma construtiva e sadia", frisou.

Após os acontecimentos de sábado, o autarca de Idanha-a-Nova referiu que "não podemos deixar de apoiar a Ana Rita Almeida na defesa da sua liberdade de expressão, opinião e manifestação literária".

O município de Idanha-a-Nova está disponível "para colaborar com a mesma [Ana Rita] e com as autoridades no apuramento das responsabilidades que se mostrem pertinentes relativamente ao ocorrido, reservando-se o direito de apresentar queixa ao Ministério Público, apurados os factos".

Leia Também: 'Habeas Corpus' cria lista de "terroristas LGBT". "Incentivo à violência"

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