"Justiça" ou "dois lados" do mesmo país? As manifestações (e as reações)

No sábado, duas manifestações encheram as ruas da capital com objetivos distintos. Um dos protestos, do movimento Vida Justa, reclamava justiça pela morte de Odair Moniz, o homem de 43 anos baleado por um agente da PSP, enquanto que outra, convocada pelo Chega, decorreu em apoio às autoridades.

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© Luis Boza/NurPhoto via Getty Images

Notícias ao Minuto
27/10/2024 09:06 ‧ 27/10/2024 por Notícias ao Minuto

País

Odair Moniz

'Sem justiça não há paz' e 'Em defesa da polícia'. Foram estes os lemas das duas manifestações que estiveram na mira dos portugueses este sábado à tarde, em Lisboa.

 

O movimento Vida Justa anunciou, na quinta-feira, que a sua manifestação iria ter início no Marquês de Pombal pelas 15h00 e estava prevista terminar na Assembleia da República. No entanto, o presidente do Chega, André Ventura decidiu anunciar uma contramanifestação cujo fim seria no mesmo local da 'Sem Justiça não há paz'.

De forma a evitar que os protestos coincidissem, a iniciativa Vida Justa, com objetivo reclamar justiça pela morte de Odair Moniz, o homem de 43 anos baleado por um agente da PSP após uma perseguição policial na Amadora, decidiu alterar o seu percurso e terminar na Praça dos Restauradores.

Vida Justa altera rota da manifestação e critica contraprotesto do Chega

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O Vida Justa alterou o local de destino da manifestação de sábado, para a Praça dos Restauradores, em Lisboa, lamentando que as autoridades autorizem o Chega a terminar a sua contramanifestação no local previsto para o protesto do movimento.

Lusa | 14:08 - 25/10/2024

A hora do encontro chegou e, pelas 15h00, estavam concentradas na Praça do Município cerca de duas centenas de pessoas, com bandeiras do Chega, também algumas do partido ADN, e de Portugal, e cartazes onde se lia "Respeitem as nossas polícias" e "Polícias sim. Bandidos não!".

Por outro lado, na Avenida da Liberdade, milhares de pessoas entoavam gritos de protesto, onde a principal palavra de ordem era "Justiça para o Odair", e onde era segurada, por familiares e vizinhos, uma faixa com a fotografia do homem de 43 anos. 

Dois protestos distintos

Em dois protestos com objetivos bastante distintos, André Ventura clamava por “polícias com mais meios” e por "mais autoridade da polícia", em declarações aos jornalistas. Enquanto que, na manifestação da Vida Justa, se empunhavam cartazes onde podia ler-se: "Que a voz da revolta seja a voz da justiça", "Abaixo a repressão policial, morte ao fascismo", "Sem justiça, não há paz" ou "Parem de nos matar".

"Há outro país" em contraponto aos "esquerdalhados contra polícia"

O presidente do Chega, André Ventura, afirmou hoje que a manifestação convocada pelo seu partido em defesa das forças de segurança tem como objetivo mostrar que "há outro país" como contraponto aos "esquerdalhados contra a polícia".

Lusa | 15:59 - 26/10/2024

A manifestação 'Sem justiça não há paz' contou com a presença de associações antirracistas, comissões de moradores de vários bairros da Área Metropolitana de Lisboa, nomeadamente no Bairro do Zambujal, na Amadora (onde residia a vítima), várias personalidades públicas e políticos que quiseram marcar a sua posição.

Milhares preenchem a Avenida da Liberdade a exigir justiça para Odair

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Milhares de pessoas de diferentes culturas e etnias participam hoje em Lisboa numa manifestação contra a violência policial e para exigir justiça para Odair Moniz, homem baleado por um agente da PSP, na segunda-feira.

Lusa | 16:12 - 26/10/2024

"Portugal não pode continuar a tratar os bairros da periferia de Lisboa como tem acontecido, onde falta tudo. Falta a presença do Estado social, falta a escola, falta o hospital", referiu o líder parlamentar do Bloco de Esquerda (BE), Fabian Figueiredo, que esteve presente na manifestação do movimento Vida Justa.

BE quer

BE quer "desocultar" o que levou PSP a "mentir" no caso de Odair

Fabian Figueiredo juntou-se à manifestação de homenagem ao cidadão morto pelo agente da PSP.

Cátia Carmo com Lusa | 15:43 - 26/10/2024

Também a socialista Ana Gomes não faltou ao encontro e acusou André Ventura de ter como objetivo "semear a divisão na sociedade portuguesa" com a contramanifestação 'em defesa da polícia', que acusa ainda de ter sido marcada com "intuito provocatório".

Manifestação do Chega quer

Manifestação do Chega quer "semear a divisão na sociedade portuguesa"

A socialista Ana Gomes esteve presente na manifestação do movimento 'Vida Justa', este sábado, em Lisboa, onde sublinhou que a manifestação do Chega, que decorre à mesma hora, na capital, foi marcada com "intuito provocatório".

Notícias ao Minuto | 15:53 - 26/10/2024

Em resposta ao outro protesto, o presidente do Chega dividiu o país em "dois lados", um que está com "a bandidagem", com "as minorias e os coitadinhos" e "sempre contra a polícia e contra a autoridade", após o trajeto de 45 minutos da manifestação de apoio às autoridades convocada pelo partido.

Ventura alega que o querem prender e diz que o Chega fará

Ventura alega que o querem prender e diz que o Chega fará "a revolução"

O presidente do Chega, André Ventura, alegou hoje que o querem prender e afirmou que, aconteça o que acontecer, o seu partido fará "a revolução" para pôr fim ao "sistema dos últimos 50 anos".

Lusa | 18:05 - 26/10/2024

A contestar as palavras de André Ventura, esteve Cláudia Simões, cidadã que acusou um agente da PSP de a agredir, numa paragem de autocarro na Amadora, em 2020.

"Somos castigados e ainda saímos do tribunal como criminosos. Espero que este processo não passe em branco como o meu", podia ouvir-se, salientando que a polícia trata as pessoas de alguns bairros "como lixo".

A manifestação de apoio a Odair, onde estiveram algumas pessoas de cara tapada, terminou cerca das 18h00 com um minuto de silêncio.

"União histórica". Assim se pediu "justiça" por Odair Moniz em Lisboa

O sentimento de dor juntou hoje milhares de pessoas na Avenida da Liberdade, em Lisboa, para pedir "justiça" por Odair Moniz, o homem baleado esta semana por um agente da PSP, numa manifestação considerada histórica pela união das várias comunidades.

Lusa | 19:22 - 26/10/2024

A presença policial foi visível nas iniciativas e, em comunicado, a Polícia de Segurança Pública (PSP) afirmou que as manifestações decorreram de forma "pacífica" e agradeceu a "serenidade e civismo" a todos os cidadãos que nelas participaram.

Manifestações

Manifestações "pacíficas" em Lisboa. PSP agradece "serenidade e civismo"

A polícia agradeceu a todos os cidadãos que participaram nas manifestações.

Notícias ao Minuto com Lusa | 19:53 - 26/10/2024

Odair Moniz, de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro Cova da Moura, no mesmo concelho, no distrito de Lisboa, e morreu pouco depois, no hospital.

A Inspeção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram inquéritos, e o agente que baleou o homem foi constituído arguido.

Na sequência do acontecimento têm sido registadas, pela PSP, centenas de ocorrências. Na noite de segunda-feira registaram-se desacatos no Zambujal e, desde terça-feira, noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados autocarros, automóveis e caixotes do lixo.

Foram ainda detidas cerca de duas dezenas de cidadãos e identificado um número semelhante de pessoas. Somam-se sete feridos, um dos quais com gravidade.

Leia Também: Distúrbios em Lisboa. Queimados caixotes do lixo na zona das Galinheiras

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