António Vitorino apreensivo com o que se passa atualmente em Hong Kong

O ex-ministro português António Vitorino, antigo secretário-adjunto do governador de Macau (1986-1987), considerou hoje em Lisboa que sente apreensão relativamente ao que se passa em Hong Kong.

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Lusa
09/12/2024 22:09 ‧ 09/12/2024 por Lusa

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Hong Kong

"Não podemos deixar de ver com apreensão o que se passa em Hong Kong. Não podemos deixar de ver com preocupação a afirmação da China num comprimento de onda de potência global, que apesar de tudo não tem feito sentir-se em Macau", afirmou Vitorino na cerimónia de apresentação do livro "Macau entre Portugal e a China - 25 testemunhos".

 

A obra reúne 25 testemunhos de personalidades portuguesas de várias áreas, entre os quais os antigos Presidentes António Ramalho Eanes e Aníbal Cavaco Silva, e que representa para António Vitorino "o caso de sucesso" que foi a transferência daquele território para a administração chinesa, concretizada em 20 de dezembro de 1999.

"É uma pura ilusão pensarmos que nós conseguimos congelar a história. E não é possível olhar para aquilo que foi a negociação da declaração conjunta e tudo o que se passou a seguir como um processo de congelamento daquele Macau tal como ele existia. E por isso, falar hoje e ler este livro hoje suscita em mim nostalgia de Macau que eu conheci", salientou.

António Vitorino acrescentou sentir também nostalgia da China que conheceu.

"Nostalgia também da China que conheci nessa altura e que não tem nada a ver com a China de hoje, e que deixa algumas marcas de saudade em relação à china que eu conheci", frisou.

Ao longo da sua intervenção, Vitorino destacou várias vezes "a história de sucesso" que foi a transferência mas reconheceu vicissitudes em todo o processo.

"Acho que estamos a falar de uma história de sucesso. Com vicissitudes, com certeza. Aliás vicissitudes do lado chinês e do lado português. As vicissitudes do lado chinês conhecemo-las: Tiananmen. Foi um momento muito difícil e delicado deste percurso e depois a afirmação e o percurso destes 25 anos da China como potência global, com tudo o que isso significa em termos de assertividade, afirmação e também de pujança económica e de ambição politica", descreveu.

"Vicissitudes também em Portugal. Quer em Macau, quer em Portugal, mas manda-me a prudência que estas não especifique", frisou.

António Vitorino considerou faltar no livro um texto sobre as dificuldades que o Reino Unido procurou criar ao bom relacionamento entre a China e Portugal, mas optou por não dar detalhes.

"Há um ponto muito importante e eu sublinho porque nem sempre é frequente em Portugal: é que sobre esta matéria houve sempre uma grande concordância entre os órgãos de soberania portugueses. Nem sempre fácil. Nós sabemos, somos portugueses, mas essa concordância entre Presidência e Governo funcionou sempre sobre Macau", afirmou, recordando que durante o processo de negociação com a China, Portugal teve três Presidentes da República (Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio) e dois primeiros-ministros (Cavaco Silva e António Guterres).

"Este é um acervo de marca portuguesa que foi possível construir em 12 anos [o período de transição para a transferência] e que é a prova provada de que os portugueses quando querem se empenham e conseguem fazer obra notável", destacou.

A coordenação do livro, editado pela Âncora Editora, é da antiga presidente da Teledifusão de Macau, Maria do Carmo Figueiredo, e reúne os testemunhos de Adriano Jordão, Ana Paula Laborinho, Aníbal Cavaco Silva, António Caeiro, António Noronha, António Ramalhos Eanes, Carlos Cid Álvares, Carlos Monjardino, Eduardo Marçal Grilo, Gilberto Lopes, João Charters de Almeida, Joaquim Chito Rodrigues, Jorge Rangel, Jorge Silva, José Avillez, José Garcia Leandro, José Rocha Dinis, José Rodrigues dos Santos, Maria Alexandra Costa Gomes, Maria Celeste Hagatong, Pedro Catarina, Pedro Pauleta, Peter Stilwell, Rui Martins e Vasco Rocha Vieira.

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