Miguel Albuquerque voltou a falar esta quarta-feira, um dia após uma moção de censura ter derrubado o governo regional da Madeira. Durante a intervenção, rejeitou que fizesse parte de "qualquer impasse" na região, lembrou que é preciso evitar entregar o poder aos "populismos" e negou, mais uma vez, a necessidade de eleições internas.
Perante as críticas da oposição, que pede estabilidade e diz que esta não passa por uma liderança com Albuquerque, e também as críticas internas - onde se pede que haja congresso para escolher novo líder -, Albuquerque afirma: "Seria ultra prejudicial o PSD entrar em guerra fratricida porque isso seria favorecer o adversário".
O líder madeirense afirmou que as eleições internas só iriam servir o "adversário externo", e defendeu: "O que precisamos é - quem tem boa vontade e não pensa no seu ego - é olhar para o futuro da região. E o futuro da região passa por uma vitória do PSD, por um governo estável e um orçamento aprovado."
"Não há nenhuma razão para eleições", reforçou, lembrando que os partidos têm regras e as últimas foram em março. "A ideia de estarmos a promover eleições internas para favorecer o ego deste ou daquele não tem nenhum sentido", acrescentou.
Quando confrontando sobre as preocupações do Representante da República na Madeira, Irineu Barreto, que recebe os partidos neste âmbito já na quinta-feira, Miguel Albuquerque assumiu que toda a Madeira estava preocupada, à exceção, exatamente, da oposição: "As únicas pessoas não estão preocupadas são estes senhores que estão aqui dentro. Querem o poder pelo poder. É uma soberba e ganância pelo poder onde tudo vale, inclusive, deitar os governos abaixo. Isto desgasta as eleições e democracia."
O discurso de que "isto é tudo corrupto e de traição à Pátria, a culpa é da insegurança, judeus e imigrantes" é "recorrente", apontou Albuquerque, referindo que o desgaste leva ao avanço dos populismos. "Já sabemos como funciona. No século passado foi assim que aconteceu na Alemanha", afirmou", dizendo que isto levava à entrega do poder "aos incendiários".
Albuquerque foi depois confrontando com os cartazes colocados pelo Chega e o líder regional não hesitou em responder: "Vão atacar quem? Ainda bem que me atacam a mim. É bom sinal. Se não me atacassem, era sinal de que eu não estava a desenvolver bem [a região]. "
Entre as críticas, houve acusações de que a Madeira estava a enfrentar um impasse devido à liderança de Albuquerque, algo que este rejeitou, argumentando: "Eu sou um obstáculo à tomada do poder por parte de quem não tem legitimidade".
Ainda quanto à moção, o presidente regional da Madeira, que agora 'caiu', reforçou que o documento era uma estratégia da oposição para alcançar o poder, e havia partidos que andavam a reboque do Chega. Ainda quanto a este último partido, considerou "estranhíssimo" que o Chega na Madeira "abrisse as portas às Esquerdas".
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