Moedas associa greve na higiene urbana em Lisboa a "interesses partidários"

O presidente da Câmara de Lisboa relacionou hoje a greve dos trabalhadores da higiene urbana com "interesses partidários", sem mencionar quais os partidos interessados, direcionando essa questão aos sindicatos e perspetivando que 2025 será "um ano difícil".

Notícia

© Getty Images

Lusa
03/01/2025 14:28 ‧ ontem por Lusa

País

Lisboa

"Faço um apelo à responsabilidade, porque o ano de 2025 vai ser um ano difícil e é um ano em que vamos certamente diferenciar aqueles que põem à frente os interesses dos lisboetas, mas sobretudo o interesse dos trabalhadores, e não os interesses partidários, nem os interesses sindicais", afirmou Carlos Moedas (PSD), numa conferência de imprensa nos Paços do Concelho para balanço da greve dos trabalhadores da higiene urbana.

 

Sobre o porquê de esta greve acontecer nesta altura, "a um ano das eleições" autárquicas, que irão ocorrer entre setembro e outubro deste ano, Carlos Moedas considerou que esta luta dos trabalhadores da higiene urbana "é um tema político", justificando essa posição com a recusa dos sindicados em negociar.

Questionado sobre quais os partidos interessados na greve dos trabalhadores da higiene urbana, o autarca do PSD remeteu a questão para os sindicatos, afirmando que como presidente da câmara está "acima dos partidos": "Nunca pensei em interesses partidários. Nunca o fiz como presidente da câmara".

"Se os sindicatos recusaram negociar e disseram que não havia possibilidade de negociação, a minha pergunta é para os sindicatos: Porque é que o fizeram? Qual é o interesse? É um interesse partidário? É um interesse diferente? Eles é que têm de responder a essa pergunta, mas eu penso que é uma pergunta legítima e muito importante para eles", declarou.

Reiterando a ideia de que esta foi "uma greve injusta", Carlos Moedas apelou aos sindicatos dos trabalhadores da higiene urbana para que haja disponibilidade para dialogar e negociar com a câmara municipal.

"É necessário estarmos todos conscientes que hoje temos de fazer política acima dos partidos, temos de fazer política para as pessoas e isso é importantíssimo. Eu estarei sempre pronto a negociar", reforçou o social-democrata.

Discordando da posição dos sindicatos sobre o incumprimento do acordo celebrado em 2023, o presidente da câmara reiterou que esse acordo está a ser cumprido e está executado em 80%, e ressalvou que "em três anos não se resolvem 14 anos de problemas", numa comparação entre a atual gestão de PSD/CDS-PP e a anterior governação do PS.

Sobre se fazer essa comparação não é ter também uma abordagem política do setor da higiene urbana, Carlos Moedas recusou e afirmou que "é uma abordagem factual", referindo que existe uma evolução nas condições dos trabalhadores do município de Lisboa, inclusive a atualização do subsídio de penosidade e de insalubridade.

Relativamente à existência de dificuldades no setor da higiene urbana, além da situação causada pela greve, o autarca recusou a ideia de ser um problema crónico, mas reconheceu que há falhas estruturais, nomeadamente a questão da descentralização entre o município e as juntas de freguesia, que considera que "não corre bem e nunca vai correr bem".

"Temos aqui problemas estruturais, mas não é culpa dos trabalhadores. É culpa de decisões que foram tomadas no passado. Portanto, é muito importante referir: Não há aqui nada de crónico, há problemas estruturais que têm de ser resolvidos politicamente e que não são resolvidos, ou seja, em três anos não se resolvem 14 anos de problemas", afirmou.

Em causa está a greve dos trabalhadores da higiene urbana em Lisboa, entre o Natal e o Ano Novo, que foi convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML) e pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local (STAL) devido à ausência de respostas do executivo municipal aos problemas que afetam o setor, em particular o cumprimento do acordo celebrado em 2023, que prevê, por exemplo, obras e intervenções nas instalações.

A greve foi geral nos dias 26 e 27 de dezembro e contou com serviços mínimos entre 26 e 28 de dezembro, com a realização de 71 circuitos diários de recolha de lixo, envolvendo 167 trabalhadores.

Paralelamente, houve também greve ao trabalho extraordinário, que se iniciou em 25 dezembro e se prolongou até terça-feira (dia 31 de dezembro), e uma paralisação no dia de Ano Novo, prevista apenas no período noturno, ao trabalho normal e suplementar, entre as 22h00 de quarta-feira e as 06h00 de quinta-feira.

Leia Também: Moedas acusa sindicatos de não quererem negociar e "prejudicar lisboetas"

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas