A revelação foi feita à Lusa pela deputada Sofia Andrade, que juntamente com os deputados Carlos Brás e Patrícia Faro, o presidente da Federação Distrital do Porto socialista e o presidente da câmara local, Alberto Costa, se reuniu com o Conselho de Administração (CA) daquele hospital.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou em 12 de dezembro que a ministra da Saúde já estava a trabalhar com algumas Misericórdias, como as de São João da Madeira e de Santo Tirso, "para a transferência dos respetivos hospitais para as mãos das Misericórdias".
"Esta decisão foi tomada de um modo absolutamente discricionário, sem que viesse acompanhada de nenhum tipo de fundamento", afirmou a deputada socialista, acusando o Governo de "não falar com as autarquias locais, nem com a administração a Unidade Local de Saúde do Médio Ave [que integra os hospitais de Santo Tirso e de Vila Nova de Famalicão]".
E prosseguiu: "o que retiramos da reunião é que a própria administração continua a trabalhar de acordo com o que nos foi dito pela tutela, de uma forma normal, porque eventualmente isto irá acontecer".
O CA, continuou Sofia Andrade, "não sabe quando é que irá acontecer, não sabe ainda quais são os contornos que estão subjacentes a este acordo e, portanto, não conseguiu confirmar absolutamente nada".
A deputada deu nota ainda que os deputados do PS na Comissão de Saúde submeteram um requerimento com caráter de urgência para que a ministra da Saúde vá ao parlamento prestar esclarecimentos, bem como pediu uma cópia do acordo celebrado entre o Governo e a União das Misericórdias.
"Continuamos à espera de informações da ministra, portanto, toda e qualquer informação que o PSD local possa apregoar efetivamente não está fundamentada, não está explicada por ninguém da parte da tutela", disse.
Em 14 de dezembro, o PSD/Santo Tirso elencou várias mais-valias que consideram que a transferência da gestão implicará, entre elas a criação de consulta de urologia e cirurgia vascular e a manutenção de todas as especialidades existentes, uma parceria com o IPO [Instituto Português de Oncologia] para a realização em ambiente de Hospital de Dia de tratamentos oncológicos dos utentes dos concelhos abrangidos e a criação de uma unidade de paliativos de alta complexidade para dar resposta aos doentes terminais.
Ainda segundo o PSD, a nova gestão dará também resposta a listas de esperas cirúrgicas, diminuindo o tempo de espera, promoverá a realização de Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica convencionados a todos os utentes do SNS, criando também condições para a realização de exames de neurofisiologia, urologia, cardiologia, imagiologia e ecografias, entre outros.
Segundo Sofia Andrade o requerimento "será discutido e votado na próxima quarta-feira".
A porta-voz socialista assinalou ainda que a "falta de clareza e de informação por parte do Governo" está a "gerar um grande transtorno e grande preocupação entre os funcionários do hospital" e que a ULS "cumpriu o seu plano de gestão para o ano de 2024".
Neste contexto, prosseguiu, trata-se de mais uma tentativa do Governo de "privatizar e tentar atacar aquilo que é o Serviço Nacional de Saúde".
O presidente da câmara, Alberto Costa, revelou que até hoje de manhã "não recebeu resposta" da ministra da Saúde ao "pedido de reunião urgente feito em 13 de dezembro".
"Não vamos abdicar que a gestão deste hospital seja pública nem de defender os direitos dos trabalhadores", frisou o autarca.
Alberto Costa informou também que vai reunir-se com a Santa Casa da Misericórdia [de Santo Tirso), para perceber que informação tem, com os representantes dos trabalhadores do hospital, para perceber os seus anseios e que perguntas querem ver respondidas pela tutela, e com o PCP e BE de Santo Tirso para concertar posições.
"Esta ULS é uma das melhores do país. Esta reversão não faz sentido nenhum", enfatizou o autarca.
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