Vida Justa lembra Odair Moniz e violência policial com marcha na Amadora

A Grande Marcha dos Bairros do movimento Vida Justa vai lembrar esta sábado Odair Moniz, morto em outubro no concelho da Amadora, no distrito de Lisboa, e "todas as vítimas de violência policial".

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© Luis Boza/NurPhoto via Getty Images

Lusa
12/04/2025 11:22 ‧ há 2 dias por Lusa

País

Amadora

Morador no Bairro do Zambujal, Odair Moniz foi baleado mortalmente por um agente da Polícia de Segurança Pública (PSP) em 21 de outubro, quando conduzia o seu carro, no bairro da Cova da Moura.

 

As circunstâncias da morte do cidadão cabo-verdiano de 43 anos continuam por esclarecer, desconhecendo-se os resultados dos inquéritos abertos pela própria PSP e pela Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI).

O Vida Justa acusa a polícia de "desumanizar Odair, inventando factos inexistentes sobre o que se passou naquela noite, tentando justificar o injustificável" e critica a escolha da juíza que julgará o caso -- a mesma que julgou Cláudia Simões, mulher negra condenada por morder um agente policial que a imobilizou depois de ela se recusar a identificar-se, após um incidente relacionado com o passe de transportes da filha menor.

Para recordar Odair Moniz, sob o lema "Sem justiça não há paz", o Vida Justa vai organizar uma pintura de mural, às 10:00, e um almoço comunitário, pelas 12:00, no Bairro do Zambujal.

Às 14:30, voltará às ruas, fazendo o percurso entre a Cova da Moura e o Bairro do Zambujal, para exigir "justiça para Odair e todas as vítimas de violência policial".

A iniciativa -- que integra o périplo que o Vida Justa está a fazer desde 15 de março pela Área Metropolitana de Lisboa e que já passou por vários bairros dos concelhos de Almada (distrito de Setúbal), Amadora, Barreiro, Cascais, Loures, Seixal e Sintra (distrito de Lisboa) -- culminará com uma série de concertos a partir das 16:00, no Bairro do Zambujal.

A Grande Marcha dos Bairros terminará no domingo, no Monte Abraão, no concelho de Sintra, com atividades desportivas e culturais.

A morte de Odair Moniz desencadeou a revolta, nalguns casos acompanhada por distúrbios, em vários bairros da periferia de Lisboa.

Em final de janeiro, o Ministério Público (MP) acusou do crime de homicídio, punível com pena de prisão de oito a dezasseis anos, o agente da PSP que baleou Odair Moniz no bairro da Cova da Moura.

Segundo a acusação, Odair Moniz tentou fugir e resistir à detenção, mas não se verificou qualquer ameaça com recurso a arma branca, contrariando o comunicado oficial da PSP divulgado após o incidente, segundo o qual o homem teria "resistido à detenção" e tentado agredir os agentes "com recurso a arma branca".

A associação SOS Racismo e o Vida Justa contestaram, desde logo, a versão policial e exigiram uma investigação "séria e isenta" para apurar responsabilidades, considerando estar em causa "uma cultura de impunidade" nas forças de segurança.

Na acusação, o MP pediu a suspensão do agente da PSP como medida de coação e também que seja aplicada uma pena acessória, já em fase de condenação, de proibição de exercício de função. Neste momento, o agente, de 27 anos, está de baixa e sem data para regressar ao trabalho.

Depois de a defesa do arguido ter decidido não requerer a abertura de instrução, o caso seguiu diretamente para julgamento, que deverá decorrer no Tribunal de Sintra.

Além do processo judicial, estão a decorrer processos de âmbito disciplinar na PSP e na IGAI, à qual a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, pediu "caráter de urgência".

Em 26 de outubro do ano passado, milhares de pessoas desceram a Avenida da Liberdade, em Lisboa, respondendo à manifestação convocada pelo Vida Justa para homenagear Odair Moniz e denunciar a violência policial.

Leia Também: Diretor nacional da PSP reafirmou a confiança no polícia que baleou Odair

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