Empresa sugere "experimentar grátis" estagiário por dois dias

A Work4U recebe dinheiro de pessoas que querem estagiar e de empresas que querem ter estagiários sem compromisso. O caso já motivou uma denúncia dos Precários Inflexíveis.

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Carolina Rico
10/02/2016 09:30 ‧ 10/02/2016 por Carolina Rico

País

Denúncia

A associação Precários Inflexíveis vai hoje entregar à Autoridade para as Condições do Trabalho uma queixa formal contra a Work4U - Gestão de Carreiras, empresa que esta semana foi alvo de críticas e denúncias nas redes sociais.

“Receba sem compromisso um estagiário durante dois dias! Experimente grátis." Foi este o anúncio que a Work4U publicou na sua página de Facebook, entretanto desativada.

“Se as empresas de trabalho temporário já apresentam condições ridículas esta empresa entra num outro campeonato. Nem sequer estamos a falar de condições imorais mas sim de uma prática completamente fora da lei”, disse ao Notícias ao Minuto o dirigente dos Precários Inflexíveis.

João Camargo promete levar até às últimas consequências a denúncia do que diz ser uma situação de “tráfico de trabalho” e “angariação de mão-de-obra” num modelo que não existe na legislação portuguesa.

Pagar para estagiar

A  plataforma 'Ganhem Vergonha' foi a primeira a denunciar o caso e não tardaram relatos que explicam o alegado método de trabalho da empresa dedicada à “integração de estagiários”.

Os candidatos a um estágio terão de pagar uma taxa de inscrição de 30 euros e uma outra, também de 30 euros, para ir a cinco entrevistas. Caso o candidato fosse integrado na empresa esse valor seria alegadamente devolvido, caso não fosse, apenas metade seria devolvido.

Para as empresas interessadas em contratar o serviço da Work4U o preçário pode ler-se no anúncio: Com os valores promocionais propostos, têm de pagar 969 euros por um ano de estágio, 510 euros por seis meses ou 95 euros por mês. Acresce IVA e “taxa de ativação de 60 euros por estágio”.

Valores pagos diretamente à Work4U já que “é a empresa que decide o valor mensal de apoio que pretende pagar ao estagiário”.

“É um sinal preocupante” que revela, por um lado, o “desespero ou inexperiência” de quem procura trabalho através destas plataformas e, por outro, o “oportunismo” das empresas, lamenta João Camargo.

O Notícias ao Minuto tentou chegar à fala com a Work4U mas sem sucesso. Após a publicação deste trabalho a empresa em causa enviou para a redação do Notícias ao Minuto um comunicado em que diz que a posição da Associação Precários Inflexíveis é “uma atitude incorreta, dado tratar-se de uma condenação pública, sem conhecimento de causa”.

“Em relação à possibilidade da empresa que recebe o estagiário poder ter direito a um período experimental de dois dias: cremos que o ideal para quem está à procura de uma oportunidade no mercado de trabalho era que existissem melhores oportunidades de trabalho, sem necessidade de períodos experimentais, com melhores ordenados e com uma melhor integração entre as escolas, universidades e as empresas”.

“Acreditamos, por isso, que o estágio não é um fim em si, dado que a sua duração é curta e limitada, mas sim uma via de consolidação de conhecimentos e práticas de uma determinada profissão, e uma oportunidade válida de entrada no mercado de trabalho”, justifica-se.

A empresa diz ainda que a situação desencadeou uma “reflexão sobre se existem aspetos a melhorar em relação ao serviço” prestado e assegura sobre que submeterá a apreciação sua atividade “às entidades competentes de modo a sanar todas e quaisquer dúvidas que possam existir da parte de terceiros”.

[Notícia atualizada às 07h30 de dia 11 de fevereiro]

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