"Estamos com muitas, muitas dificuldades, a ponto de ter ponderado muito seriamente fechar. E só não fechei o Ciberdúvidas, porque tenho amigos que quiseram ajudar e entraram para a associação", acrescentou José Mário Costa, em declarações à agência Lusa.
"É muito difícil continuar a fazer o que fazemos há 20 anos -- e o Ciberdúvidas é um espaço único na lusofonia -- sem termos qualquer apoio oficial, além de um professor colocado pelo Ministério da Educação", frisou José Mário Costa.
Para o cofundador do projeto, a situação é tanto mais desmotivante, por o Ciberdúvidas fazer serviço público sem que seja reconhecido ou incentivado como tal.
José Mário Costa cita mesmo o exemplo de Espanha, onde existe a Fundação para o Espanhol Urgente (Fundéu), que envolve a rádio e televisão públicas, a agência de notícias Efe, a Real Academia Espanhola, o Instituto Cervantes e um banco privado.
"Esta estrutura todos os dias faz uma recomendação para os órgãos de comunicação social espanhóis sobre o bom uso do castelhano, dispõe de cinco linguistas e, no entanto, não disponibiliza todas as valências que o Ciberdúvidas disponibiliza", exemplificou.
Questionado sobre os custos do Ciberdúvidas, José Mário Costa adiantou que estes não atingem os 4.000 euros por mês, sublinhando que, de momento, o organismo não pode pagar a colaboradores, por falta de verbas.
Criado pelos jornalistas João Carreira Bom, já falecido, e José Mário Costa, o Ciberdúvidas constituiu-se como a primeira iniciativa no género, via internet, a 15 de janeiro de 1997.
Com a filosofia de um jornal, nas suas áreas de abordagem delimitadas, o Ciberdúvidas é um espaço que junta, ao mesmo tempo, o esclarecimento, a informação, a reflexão e também a polémica em torno da língua oficial dos Estados-membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Entre as suas atuais 13 rubricas temáticas, consta o consultório linguístico, que responde diariamente a pessoas que o consultam, na sua maioria do Brasil e de Portugal, sobre o bom uso da língua portuguesa, e sobre as suas variantes regionais e locais pelo mundo fora, disse José Mário Costa.
A média destas consultas específicas ao Ciberdúvidas ronda as cem por semana, indicou, somando no entanto mais de um milhão de acessos mensais.
Nos 20 anos de existência, o Ciberdúvidas acumulou perto de 40 mil textos, entre respostas e artigos da mais variada natureza, que são de livre acesso ao público.
Este acervo vai de uma montra de livros e de obras sobre a língua, a uma antologia de 220 escritores e poetas lusófonos de todos os tempos, "que escreveram sobre o nosso idioma comum", recorda o jornalista.
Para José Mário Costa, o tempo de vida do Ciberdúvidas não foi isento de dificuldades nem de algumas interrupções, devido aos constrangimentos financeiros para a manutenção de um serviço desta natureza e alcance, que é gracioso, sem quaisquer fins comerciais ou de lucro.
Se quiser ajudar, pode fazê-lo no próprio site, que disponibiliza vários meis de fazer o seu donativo, como pode verificar na imagem abaixo.