O Grupo Lusíadas Saúde, entidade privada que gere o Hospital de Cascais Dr. José de Almeida, aprovou um regulamento interno relativo à utilização e conservação do fardamento e cacifo. Um documento que, na opinião do Sindicato dos Médicos da Zona Sul, materializa "um exemplo escandaloso de prepotência e de militarização da vida hospitalar”.
O referido regulamento, aprovado, de acordo com o referido Sindicato, no dia 16 de outubro de 2017, só agora chegou ao conhecimento desta entidade.
E, “a par de medidas do senso comum ao nível de higiene e de aspetos vulgares do fardamento”, estão também previstas “medidas chocantes que revelam conceções de puro totalitarismo a lembrar países onde imperam os fundamentalistas religiosos”, alega o Sindicato.
Na nota publicada no site do Sindicato dos Médicos da Zona Sul destacam-se ainda alguns exemplos do que a entidade que defende os direitos dos clínicos e cirurgiões considera como inaceitável, nomeadamente “a maquilhagem deve ser discreta, o baton e sombras em cores nude, base, lápis e rímel adequados à fisionomia de cada pessoa” e para quem tenha o cabelo com comprimento abaixo dos ombros recomenda-se o uso de “rabo de cavalo”.
Já o “desodorizante não deve ter cheiro”, o “perfume deve ser leve, fresco e agradável”, e não podem ser usados “usados chinelos, sandálias e botas”. Quem usar “piercings, jóias, tatuagens de qualquer tipo em locais visíveis do corpo” terá de ponderar uma alternativa. Não podem ainda ser “visíveis peças de roupa que não pertençam ao fardamento” e os “homens colocados nas receções devem, entre outras coisas, usar meias lisas e discretas, de preferência azuis escuras”.
Na opinião do Sindicato, “também não deixa de ser surpreendente que na entrega da farda, o hospital impute os custos de arranjos necessários para adaptação à estrutura de cada pessoa ao trabalhador. E a este estranho facto, acresce toda a burocracia no pedido de uma farda antes do seu período de vida útil (24 meses) e a obrigatoriedade de a limpeza ser feita pelos trabalhadores e não pelos serviços do hospital”.
No fundo, considera o Sindicato, este regulamento “favorece uma política de discriminação de género e de fisionomia”. O Sindicato dos Médicos da Zona Sul entende, por isso, “que este tipo de regulamento é intolerável num Estado democrático e constitui um atentado à Constituição da República”.
Contactada pelo Notícias ao Minuto, fonte oficial do Hospital de Cascais optou por não tecer qualquer comentário à situação.