“Adiar sucessivamente votações põe em causa funcionamento democrático”

Helena Roseta justifica a sua demissão com a "consciência" que regula a sua vida, consciência essa que entrou em conflito com o PS, depois de o partido pedir, pela segunda vez, o adiamento da votação do pacote de leis sobre o arrendamento.

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Melissa Lopes
23/10/2018 13:44 ‧ 23/10/2018 por Melissa Lopes

Política

Helena Roseta

Helena Roseta demitiu-se esta terça-feira do cargo que coordenadora do grupo de trabalho sobre habitação, depois de o PS ter pedido, novamente, o adiamento da votação no Parlamento das novas regras da habitação.

Explicando a sua demissão no Parlamento, a deputada independente do PS disse que “há um conflito evidente” entre a orientação do partido e a sua posição. “E, portanto, só me resta - como dizia Miguel Torga - 'o terrível poder de recusar', não posso fazer outra coisa”. E acrescentou: “Temos uma consciência que nos regula na vida, não é só na política”.

Em linha com o que havia explicado ao Notícias ao Minuto, Roseta referiu que só o PS pode explicar por que razão pediu duas vezes para adiar a votação, mas afirmou que a leitura que faz, e que de resto disso dá conta a comunicação social, é que o “PS não tem maioria para as suas propostas”.

Não podemos tirar daqui a conclusão que quando um partido não tem a maioria adia sistematicamente as suas votações”, criticou, considerando que tal “põe em causa o funcionamento democrático dos órgãos eleitos”. “E é por isso que eu me demito, não é por uma simples questão processual”, esclareceu, deixando claro que não concorda com o princípio subjacente. 

“Esta maneira de fazer não corresponde, em democracia perde-se e ganha-se e é sempre democrático. Adiar sucessivamente porque não se conseguiu maioria, penso que é um mau princípio”, firmou ainda.

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