"Usam o ódio de que tenho sido alvo para me tentar afastar"

Joacine Katar Moreira fez a sua declaração no Congresso do Livre, este sábado de manhã, defendendo os seus últimos "dois meses e meio de ação" como deputada única e rebatendo o relatório tornado público pela assembleia do partido, que justifica a decisão de lhe remover confiança política.

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© Nuno Pinto Fernandes/Global Imagens

Anabela Sousa Dantas
18/01/2020 11:29 ‧ 18/01/2020 por Anabela Sousa Dantas

Política

Joacine Katar Moreira

"Isto mostra, nacionalmente, que muitos de nós não estamos preparados para os votos que os portugueses nos deram a 6 de outubro", disse, este sábado, Joacine Katar Moreira no centro do IX Congresso do Livre, em frente aos militantes, numa intervenção de defesa antes da discussão da resolução da 42.ª assembleia do partido que pede a sua remoção da confiança política.

"Esta não é a cultura do partido Livre, pelo menos teoricamente", continuou a deputada única. Definindo estes trâmites como "normalidade democrática", disse que esta "normalidade democrática tem que ter como elemento fundamental a ética e a verdade".

"É algo absolutamente inédito", disse, sobre a decisão que foi tomada pela Assembleia do Livre, onde garante terem estado presentes apenas 22 membros.

"Cabe-me informar imediatamente que este relatório fere a minha honra, fere a minha dignidade, está cheio de inverdades e de algumas mentiras e manipulação", prosseguiu, referindo-se à resolução de 12 páginas divulgada pela cúpula do partido para anunciar a decisão de remover confiança política a Joacine Katar Moreira.

"E qual é o motivo? Membros do meu partido, dois meses e meio depois do meu empossamento... Os motivos que estão neste relatório, cada um é facilmente rebatido", disse, explicando depois, sobre o ponto onde é referido o Orçamento do Estado (OE), que se reuniu com Rui Tavares, líder do partido, a pedido do próprio para discutir o documento e a orientação de voto. Joacine acrescentou, ainda, que o Grupo de Contacto quem deu indicação da orientação de voto aos jornalistas antes da própria deputada o fazer.

Falando em "ruído", "ódio", "desinformação" e "manipulação", a deputada única do Livre pediu aos militantes para que "optem com consciência" porque a sua está "tranquilíssima". "Não houve falha nenhuma no cumprimento dos ideais e do programa do partido, isso é facilmente comprovável".

"Isto é uma perseguição absoluta"

Numa segunda intervenção, depois da leitura dos pontos que fazem parte do relatório, Joacine acusou o partido de mentir, numa intervenção onde estava visivelmente exaltada. "Isto que acabou de ser feito aqui é inadmissível. Isto é mentira, mentira absoluta. Como é que ousam fazer isto? Dizer que eu não ouvi as pessoas, que eu não fui leal ao partido. Isto é uma perseguição absoluta! Decidam! Isto é inadmissível".

"Eu não fiz nada de errado, ainda. Ainda, porque eu sou humana, posso fazer", continuou, dizendo-se disponível para continuar a defender "ponto por ponto" cada elemento da resolução e acrescentando que não fez nada de "ilegal". "Usam o ódio de que tenho sido alvo para me tentar afastar", disse.

"Eu não vou renunciar, para que as pessoas que votaram em mim não se sintam defraudadas", garantiu.

Numa declaração com aproximadamente 10 minutos, Joacine lembrou que apresentou ao congresso documentação com o trabalho elaborado ao longo de dois meses de mandato, apelando à sua consulta e repetindo que o relatório feito pela assembleia do partido está cheio de "inverdades".

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