O Presidente da República esteve, na tarde desta quinta-feira, em visita à fábrica de de cerâmica Viúva de Lamego, no concelho de Sintra. Como era de esperar, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado sobre os dois temas que estão a marcar a atualidade em Portugal: as polémicas palavras de André Ventura no Parlamento sobre Joacine Katar Moreira e o coronavírus.
Quanto às palavras do líder do Chega, que disse que a deputada do Livre, que é portuguesa, devia ser "devolvida ao seu país de origem", Marcelo Rebelo de Sousa não quis comentar, "em homenagem à divisão de poderes"
"Eu não comento intervenções de deputados, nem no Parlamento, nem fora do Parlamento. Não comento dirigentes partidários, nem governantes. Acho que a função do Presidente da República não é de comentador dessas intervenções. Em homenagem à divisão de poderes, eu não me pronuncio", reiterou.
Mais à frente, confrontado com críticas por não se ter pronunciado sobre casos de agressão a médicos, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que "o Presidente da República tem de ser uma voz de bom senso, de pacificação, de desdramatização" e não deve "alimentar polémicas, alimentar radicalismos, alimentar agressividades - não é esse o seu papel".
"Eu penso, em geral, que a pior forma de tentar enfrentar situações que possam ser de agressividade, de dramatização, de radicalismo nas palavras ou nos gestos é empolar e contribuir para avolumar esses fenómenos. Pelo contrário, deve-se procurar, sim, encontrar soluções e deve-se procurar, sim, pistas de diálogo e de funcionamento das instituições", defendeu.
Argumentando que "o radicalismo fomenta o radicalismo, a agressividade fomenta a agressividade", Marcelo Rebelo de Sousa desaconselhou "subir a parada, empolar, fazer escaladas".
Na terça-feira, em reação a uma proposta do Livre para que o património de museus e arquivos que tenha sido trazido das antigas colónias portuguesas seja restituído aos países de origem, o deputado do Chega André Ventura publicou a seguinte mensagem na rede social Facebook: "Eu proponho que a própria deputada Joacine seja devolvida ao seu país de origem. Seria muito mais tranquilo para todos? Inclusivamente para o seu partido! Mas sobretudo para Portugal".
Netos de Marcelo vivem na Chian
Já quanto ao coronavírus, o Presidente da República admitiu que sabe que o Governo está a acompanhar, desde o início, a situação dos portugueses na República Popular da China, até porque, tem netos a lá viver.
"Aquilo que chega ao meu conhecimento é que o Governo acompanhou desde o início a situação dos portugueses na República Popular da China. E devo dizer que, até pessoalmente, sou testemunha disso, uma vez que tenho netos a viver na China e que me contaram efetivamente a situação vivida e as medidas tomadas lá", explicou, aproveitando para relembrar que os cidadãos nacionais que quiseram ser repatriados para Portugal irão chegar em breve (sexta-feira ou sábado).
Além disso, diz o Chefe de Estado, o Executivo tomou "todo um conjunto de medidas para garantir que, uma vez chegados, estão criadas as condições adequadas para lidar com a sua situação".
Decisão de recandidatura só para novembro
Já questionado sobre a sua recandidatura, Marcelo Rebelo de Sousa garantiu que só irá tomar uma decisão em novembro, porque "neste momento há questões mais importantes, como ser Presidente da República".
"Acho que é o mais adequado ao conhecimento de todas as condições para poder exercer a Presidência da República de uma forma estável e pacífica, sem ruído antecipado que perturbe o exercício das funções", rematou.
[Notícia atualizada às 18h38]