Catarina Martins fez uma nota prévia na sua intervenção no debate quinzenal para afirmar que "às vezes, há uma linha ténue demais entre ignorar para não dar visibilidade a atrocidade ou, pelo silêncio, consenti-la". A coordenadora do Bloco de Esquerda referia-se assim à proposta "inqualificável" de André Ventura sobre o "confinamento de pessoas tendo em conta a sua origem étnica".
"[Ventura] teve a resposta que devia por um campeão português, Ricardo Quaresma, e veio logo sugerir que os futebolistas deviam ter direitos limitados à opinião", disse a coordenadora do Bloco, referindo-se à reação de André Ventura à posição tomada pelo jogador da Seleção Nacional e partilhada nas redes sociais em que o jogador criticava o "populismo racista" e a "ambição pelo poder" do deputado do Chega.
"Ficámos, portanto, a saber que o Chega não só tem opiniões repugnantes como André Ventura tem a cobardia de querer calar quem lhe faz frente", disse a bloquista, recebendo aplausos da sua bancada, dos deputados do PS e do PAN.
Dirigindo-se ao deputado único do Chega, Catarina Martins disse que lutará "pelo seu direito a ter opiniões sobre futebol", garantindo, contudo, que também vai lutar "para acabar com a pouca vergonha de receber vários salários além do deputado".
"E no que disser respeito ao Bloco, fique certo que as suas ideias racistas hão-de ir parar ao caixote do lixo de onde nunca deviam ter saído", avisou, antes de iniciar a intervenção dirigida ao primeiro-ministro, na qual saudou Costa pela intervenção que fez pelas necessidades de desconfinamento e pelo alargamento do apoio social mesmo àqueles trabalhadores que não têm descontos.
André Ventura, recorde-se, garantiu esta quarta-feira que "não voltará atrás" na proposta para um plano específico de "abordagem e confinamento" para as comunidades ciganas, e que apresentará essa iniciativa mesmo sem apoio de outros partidos.