Depois de uma quarta-feira agitada, com um debate aceso no Parlamento com o ministro das Finanças a explicar aos deputados que a injeção da semana passada no Fundo de Resolução já estava prevista no Orçamento do Estado para 2020", e de uma observação 'quente' do Presidente da República à margem da visita à Autoeuropa, o Governo esteve em vias de perder Mário Centeno.
A TSF avança, esta quinta-feira, que terá sido precisamente essa "ingerência" de Marcelo Rebelo de Sousa que desencadeou a polémica a que o país assistiu durante a tarde de ontem. O ministro não gostou das declarações do chefe de Estado e pediu uma reunião a António Costa. Mais, acrescenta a rádio, Centeno foi a São Bento decidido a apresentar demissão.
Valeu António Costa. O primeiro-ministro não só travou as intenções do ministro das Finanças como ligou ao Presidente Marcelo a esclarecer o "equívoco".
A rádio TSF revela ainda que, também Marcelo entendia ser "um absurdo" a saída do ministro das Finanças do Executivo no atual contexto de pandemia sanitária, e a pouco tempo de um Conselho Europeu decisivo e do fim do mandato no Eurogrupo. Uma demissão de Centeno abriria portas a ainda mais consequências com impacto económico e social no país.
Nesse sentido, e com a intenção de retomar a estabilidade, esta manhã, segundo apurou a TSF, o Presidente da República fez questão de ligar ao ministro das Finanças e esclarecer que as declarações que fez ontem sobre o Novo Banco resultaram de "um equívoco".
Nesta reunião ficaram ainda esclarecidas várias questões sobre a concretização do empréstimo do Estado ao Fundo de Resolução. Reafirmo publicamente a confiança pessoal e política no Ministro de Estado e das Finanças, Mário Centeno. pic.twitter.com/CGAv3M8sVM
— António Costa (@antoniocostapm) May 13, 2020
O plano entre Centeno e Costa que Marcelo 'estragou'
Na última terça-feira, dia 12, o ministro Mário Centeno foi entrevistado precisamente na rádio TSF, onde explicou a polémica transferência de 850 milhões para o Novo Banco - que Costa havia negado ter sido feita e que o levou mais tarde a um pedido de desculpas ao Bloco de Esquerda.
Mas antes, revela a rádio, Centeno terá acertado com Costa o que iria dizer e que essa explicação poderia deixar o primeiro-ministro numa posição complicada. Mas o plano era esse: deixar a 'poeira assentar' e Centeno responder aos deputados 'jogando o trunfo' do ataque ao PSD - o que se veio a verificar.
Acontece que, o Presidente da República acabou por estragar o plano com a resposta que deu sobre o Novo Banco, à margem da visita à Autoeuropa. E o que se seguiu foi Centeno a ficar 'na mira' e a pôr o lugar à disposição. Valeu o primeiro-ministro, que ainda tentou desviar as atenções do Novo Banco com a recandidatura de Marcelo, que no final da noite 'segurou' o ministro. Só não se sabe até quando...