Os líderes da IL e do Livre estiveram hoje frente a frente num debate, na CNN Portugal, de pré-campanha para as eleições legislativas de 18 de maio, em que a sustentabilidade da Segurança Social foi um dos temas abordados, e um dos vários em que os dois discordaram.
Rui Rocha defendeu que é necessário "dar instrumentos às pessoas, para que elas próprias possam constituir a sua poupança, e também permitir que as empresas onde essas pessoas trabalham possam reforçar essa poupança, com um investimento que é, do ponto de vista fiscal, vantajoso".
O presidente da IL criticou também a proposta do Livre de atribuir a cada criança um apoio de cinco mil euros à nascença, considerando-a "financeiramente irresponsável e socialmente injusta".
"Trata-se de retomar o imposto sucessório com determinadas condições [...]. Isto diz uma coisa muito simples, a quem estivesse a pensar em vir para Portugal, trazer o seu património, diz, não venha; a quem estiver em Portugal que tenha património diz-se tirem o património daqui porque ele vai ser tributado", alertou, defendendo que "a urgência" atual é "baixar os impostos a quem está a sofrer no país".
O dirigente liberal acusou o Livre de atacar os jovens ao querer acabar com "um pequeno benefício que os jovens têm", referindo-se ao regime do IRS jovem.
"Rui, se queres falar de irresponsabilidade e aventureirismo e se queres falar de prendas, então vamos falar não de cinco mil euros a quem pode precisar deles na altura de entrar na vida adulta, vamos falar de cinco mil milhões de euros. Ou seja, um milhão de vezes mais, aos mais ricos e principalmente às empresas mais ricas", respondeu o porta-voz do Livre.
Rui Tavares defendeu que o IRS é "custoso para o Estado" e "só ajuda quem tem os salários mais altos".
"Nós queremos ajudar todos os jovens, não apenas os salários mais altos", indicou.
Rui Tavares criticou também o "plano do departamento Elon Musk da IL", para cortar nas despesas do Estado, ou a defesa das privatizações.
"E depois é CP 'afuera', RTP 'afuera', Caixa Geral de Depósitos 'afuera'", indicou, assinalando que estas empresas só poderiam ser vendidas uma vez.
"Não vais vender todos os anos e não vais recuperar este dinheiro", disse o porta-voz do Livre,
Tavares defendeu que propostas como estas não resolvem os problemas dos portugueses e Rocha explicou que a proposta da IL é controlar a despesa do Estado em "1% ao ano, para que as empresas sejam mais competitivas, para que se comece a resolver o problema da habitação e para que as famílias tenham mais dinheiro no bolso".
Mais à frente, o presidente da IL afirmou que votar no Livre é "entregar o voto ao BE e ao PCP", sustentando que "o Livre votou 95% das propostas feitas pelo PCP e 99% das propostas do BE".
"O Livre, embora se apresente como moderado, está a algures entre a foice e o martelo", criticou Rui Rocha.
O presidente da IL sustentou que o seu partido apresenta "contas certas" e que o Livre quer descer impostos mas não apresenta um plano nem números.
No que toca aos impostos, o Livre propõe "rever em baixa taxas de IRS que se apliquem à classe trabalhadora, à classe média, e que se apliquem, por exemplo, aos trabalhadores independentes" e descer o IVA dos bens essenciais "se o crescimento económico o permitir".
A IL dá prioridade ao IRS, IRC e, por exemplo, ao IVA da construção.
"É preciso esperar os dados da macroeconomia antes de poder descer o IVA. Nós não podemos prometer às pessoas e depois dizer, olha, afinal não dá porque houve uma recessão", assinalou Rui Tavares, dizendo existir "uma diferença entre o liberalismo e o 'motosserrismo'".
O porta-voz do Livre defendeu também "um compromisso de equidade e investimento, todos os anos discutido no primeiro semestre no parlamento, à vista de toda a gente, para que nenhum primeiro-ministro, seja ele de que partido seja, gaste o 'superavit', sem isso ser contratualizado com o parlamento e o país".
O presidente da IL disse ainda que não se arrepende de a IL ir sozinha a eleições e o porta-voz do Livre disse querer contribuir para "que a fasquia da boa governação em Portugal seja elevada".
Sobre a resposta do Governo às tarifas anunciadas pelos Estados Unidos da América, os dois partidos foram críticos, com a IL a considerar o plano "eleitoralista" e o Livre a apelidá-lo de "propaganda".
[Notícia atualizada às 00h01]
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