A dirigente bloquista fez esta afirmação durante um encontro com trabalhadoras de duas empresas do setor têxtil, a Zenaide, em Penafiel, e a Costacurta, em Lousada, ambas no distrito do Porto, que testemunharam estar há meses com salários em atraso e sem conseguir avançar com os pedidos de subsídio de desemprego por a entidade patronal, que é a mesma, não entregar os documentos necessários.
Na sua intervenção final, Mariana Mortágua exigiu "respeito por quem trabalha", afirmando que isso "quer dizer leis, mas também quer dizer ter uma economia que serve as pessoas, que serve quem trabalha. Uma economia em que quem sabe fazer o trabalho pode organizar esse trabalho em vez de estar sempre dependente de um pato bravo qualquer, de um chico esperto qualquer que aparece para abrir e fechar e muitas vezes com encerramentos fraudulentos".
Defendendo ser esse o "investimento que é preciso fazer", a dirigente bloquista lembrou que o" Estado tem um papel nesse investimento para manter as fábricas abertas", a partir dessa altura "geridas pelas trabalhadoras" impedindo que vão para o desemprego.
"Se por cada fábrica que vai à falência, as trabalhadoras pudessem organizar e tomar conta da fábrica, as coisas corriam muito melhor", considerou a deputada bloquista.
Mariana Mortágua aproveitou o balanço para, lembrando o "tanto que se fala em empreendedorismo em Portugal", para convidar os empreendedores para que "ajudem as trabalhadoras a poderem tomar conta da sua fábrica, que ajudem as pessoas a poderem gerir o seu negócio, a proteger o seu trabalho, a fazer aquilo que fazem de melhor, sem terem que depender de ninguém".
"Eu acho que isso é o melhor que nós podemos pedir para a nossa sociedade e para a nossa economia, para ela ficar mais forte", concluiu.
Mariana Mortágua lembrou depois outras bandeiras o BE como garantir o descanso a quem trabalha por turnos, combater os baixos salários, o direito a uma reforma mais cedo para quem trabalha de noite, "porque trabalhar à noite é perder anos de vida" como exemplos de "coisas tão simples e tão difíceis de conquistar".
Sem perder o ímpeto, a dirigente questionou como as propostas para "baixar o imposto à EDP, à Galp e aos bancos (...) passam com tanta facilidade?" para concluir que, quando o BE "aparece a dizer que quem trabalha é que devia ter a lei do seu lado", é acusados de ser radical.
"Radical é trabalhar e viver neste país. É um desporto radical. E por isso acho que temos que voltar às coisas simples da vida", concluiu.
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