Mariana Mortágua reuniu-se, esta segunda-feira, com o diretor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, na sequência do questionário enviado pela administração de Donald Trump a várias faculdades portuguesas, na semana passada.
Após o encontro, a líder do Bloco de Esquerda (BE) defendeu que se trata de "uma perseguição nunca vista" e que os EUA estão a tratar Portugal como uma "colónia".
"Há um estado estrangeiro – EUA - que acha que tem o direito, como se estive a tratar das suas colónias, de decidir o que é que as universidades portugueses podem ou não investigar, uma coisa que o estado português não faz porque as universidades têm autonomia relativamente às suas escolhas académicas", salientou, considerando que a resposta dos reitores portugueses ao governo norte-americano, de não responder ao inquérito, é "exemplar".
"A resposta por parte das universidades portuguesas foi exemplar. E os reitores e diretores das universidades devem ser cumprimentados pela resposta que deram a Donald Trump e ao estado norte-americano dizendo que não aceitam ingerências na autonomia científica e académica em Portugal", firmou, deixando críticas à (não) atuação do Governo português.
"O Estado português, que é quem tem uma relação institucional com a embaixada e quem tem o dever de proteger a autonomia das universidades portuguesas nada fez. Não houve, até agora, uma tomada de posição do Governo português relativamente a esta ingerência e ela é simbólica, é o marco do que um país soberano pode ou não pode aceitar", atirou, defendendo ainda que "o embaixador dos EUA devia ser chamado pelo Executivo para lhe ser transmitida a posição oficial do Governo português de que Portugal é uma República soberana que não aceita ingerências na sua política científica ou em qualquer área da nossa governação".
Recorde-se que, na semana passada, soube-se que várias universidades portuguesas, que tinham 'American Corners' tinha recebido um inquérito por parte dos EUA com perguntas sobre terrorismo, ligações políticas, ideologia de género, entre outras, o que os reitores consideraram "intolerável" e recusaram responder.
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