A reunião da Comissão Política do PS convocada por António Costa antecede a reunião sobre o mesmo tema da Comissão Nacional, o órgão máximo deste partido entre congresso, que tem início previsto para as 14h30, no cineteatro Capitólio, situado no Parque Mayer, em Lisboa.
Hoje, ao fim da tarde, também sobre o tema das presidenciais, António Costa reúne-se com os presidentes das federações e, logo depois, terá o Secretariado Nacional, o órgão de direção executiva deste partido.
Com esta sucessão de reuniões, o líder dos socialistas e primeiro-ministro pretende que a posição oficial do PS em relação às eleições para o Presidente da República parta do Secretariado Nacional, o órgão de direção executiva, sendo depois aprovada formalmente pelos restantes órgãos nacionais do partido: A Comissão Política e a Comissão Nacional.
Em relação à questão das presidenciais, a maioria dos dirigentes socialistas parece inclinar-se para aprovar o princípio da liberdade de voto como orientação, apesar de já estar no terreno a candidatura presidencial da ex-eurodeputada socialista Ana Gomes.
Da mesma forma, também se prevê que esteja fora de questão um eventual apoio formal do PS à eventual recandidatura presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa, embora figuras socialistas como o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, o antigo ministro da cultura João Soares e o dirigente socialista Álvaro Beleza já tenham transmitido a sua intenção de votar no atual chefe de Estado.
Além destes socialistas, também o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, ou o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, elogiaram a forma como Marcelo Rebelo de Sousa tem exercido o seu mandato de Presidente da República.
Já o primeiro-ministro, António Costa, transmitiu hoje, em entrevista à Antena 1, um sinal de afastamento político em relação à candidatura presidencial de Ana Gomes, dizendo que até agora ainda não falou com a ex-eurodeputada socialista sobre a sua entrada na corrida a Belém.
Em abril passado, durante uma visita que fez com o Presidente da República à fábrica da Autoeuropa, em Palmela, António Costa antecipou que Marcelo Rebelo de Sousa será reeleito chefe de Estado caso se recandidate.
Mais tarde, em entrevista ao jornal Expresso, no final de agosto, António Costa disse mesmo que, se Marcelo Rebelo de Sousa não se recandidatasse, existiria "um problema grave no conjunto do país, que dá isso por adquirido e se sente confortável com o Presidente".
No entanto, também avisou que não terá um envolvimento direto na campanha eleitoral das próximas presidenciais: "Sendo eu também primeiro-ministro, devo ser a pessoa que menos interfere nesse debate, porque terei de ter com o próximo Presidente uma relação institucional. Não vou interferir muito nessa campanha eleitoral", justificou.
António Costa tem defendido que a questão das presidenciais não é prioritária para o PS, que deve estar concentrado na governação do país, e procurou estender essa sua atitude de "recato" e "dever de reserva" sobre a corrida a Belém aos membros do seu Governo, mas sem ter conseguido com isso até agora um completo sucesso.
O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, conotado com a ala esquerda do PS, contrariou uma posição favorável antes manifestada por Augusto Santos Silva face a uma recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa e sinalizou o seu apoio a Ana Gomes, defendendo que "não se deve confundir extremismo com coragem".
Pedro Nuno Santos, apontado como potencial candidato à sucessão de António Costa na liderança do PS, afirmou depois gostar "de gente, homens ou mulheres, com coragem e que nunca se enganem ao lado de quem têm que estar, do povo, dos trabalhadores, das famílias, e ter sempre a coragem para enfrentar aqueles que, em cima, foram mais ou menos fazendo o que sempre quiseram do nosso país".
Ainda em resposta aos socialistas que criticam um alegado "radicalismo" de Ana Gomes, Pedro Nuno Santos deixou o seguinte recado: "As pessoas não servem para o PS para fazer umas coisas de vez em quando, serem eurodeputadas, serem candidatas à câmara municipal ou membros do Secretariado Nacional e, depois, de um momento para o outro, passarem a ser vilipendiadas porque não lhes dá jeito".
Nestas reuniões das comissões Política e Nacional, no sábado, é quase certo que será reprovada a proposta da corrente minoritária, de Daniel Adrião, no sentido de o PS realizar um referendo interno, por voto eletrónico, sobre o seu posicionamento face às presidenciais de janeiro de 2021.