Ana Catarina Mendes, líder parlamentar da bancada socialista, foi mais uma das vozes que, este sábado, deixou severas críticas ao PSD por ter realizado um acordo com o Chega para viabilizar uma solução governativa de direita nos Açores.
"A normalização do Chega pelo PSD é inqualificável. O Chega não é um partido de direita, é um partido da extrema direita xenófoba. É um partido inimigo da Democracia, dos Direitos Humanos, dos valores civilizacionais mais básicos", começou por declarar a socialista, num texto divulgado hoje, na sua conta oficial do Facebook, juntamente com a imagem do livro 'Indignai-vos', de Stéphane Hessel, edição que conta com um prefácio de Mário Soares.
Frisando que a sua opinião não deve ser confundida com um posicionamento "contra entendimentos políticos das mesmas àreas políticas", Ana Catarina Mendes defendeu que "o que se passou nos Açores" foi "um partido estruturante da nossa democracia, como o PSD, a normalizar as atrocidades defendidas pelo Chega e isso não lhe causar nenhum sobressalto". Ainda no mesmo texto, a parlamentar garante que este acordo terá "consequências no plano nacional" político.
"Os partidos fascistas não se normalizam, combatem-se com a defesa intransigente da Democracia, do Estado de Direito Democrático e dos Direitos Humanos! Com nos recomenda Stéphane Hessel. Indignai-vos!", apelou, por fim, Ana Catarina Mendes.
O Chega anunciou, esta sexta-feira, que "vai viabilizar o governo de direita nos Açores", após ter chegado a um acordo com o PSD em "vários assuntos fundamentais" para aquela região autónoma e para o país. Quanto à exigência nacional que tinha sido feita pelo partido de que o PSD participasse no processo de revisão constitucional iniciado pelo Chega, André Ventura disse ter obtido garantias para o futuro.
Durante a manhã de hoje, o líder do PSD/Açores, José Manuel Bolieiro, disse, à saída de uma audiência com o representante da República para a Região Autónoma dos Açores, Pedro Catarino, em Angra do Heroísmo, que a coligação de direita, que forma com CDS-PP e PPM, tem condições para uma "solução parlamentar estável", confirmando ter acordos com Chega e Iniciativa Liberal.
O Partido Socialista venceu as eleições legislativas regionais dos Açores, no dia 25 de outubro, mas perdeu a maioria absoluta, que detinha há 20 anos, elegendo apenas 25 deputados.
O PSD foi a segunda força política mais votada, com 21 deputados, seguindo-se o CDS-PP com três. Chega, BE e PPM elegeram dois deputados e Iniciativa Liberal e PAN um cada.
PSD, CDS-PP e PPM, que juntos têm 26 deputados, anunciaram um acordo de governação, mas necessitam de 29 deputados para alcançar uma maioria absoluta.