O gestor de 78 anos acabou de lançar um livro que diz ser de "impulso autónomo e independente" e que classifica como uma "contribuição pedagógica para as novas gerações", sublinhando ser um "cidadão independente" sem qualquer contacto com o atual presidente do PSD, Rui Rio.
"Portugal, depois do 'AVC' que teve em 2011 (pedido de resgate à troika), muito profundo, teve de fazer dieta, um período de convalescença, que durou até 2019, mas, quando chegou a final de 2019, fruto de erros do passado, ainda estávamos com frágil situação económico-financeira, uma frágil saúde, ainda precisávamos de muitos cuidados", descreveu Catroga, em entrevista à Agência Lusa.
Para o negociador do PSD no memorando de entendimento com a troika (União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) e resgate do país, em 2011, "desta vez tem de ser diferente, em termos de intensidade e qualidade de reformas, de ações estruturais para atacar os pontos fracos estruturais relativos e vencer dois vírus" que "têm tolhido" Portugal.
"O vírus da inação estrutural -- só nos preocupamos com a espuma mediática das notícias do dia e o vírus ideológico que grassa em certos segmentos da opinião e políticos, contra as empresas, a iniciativa e que só querem mais despesa pública. É o vírus de todos aqueles que -- não lhe chamo de esquerda, nem de direita -- são contra a economia de mercado, contra o euro, contra a produtividade e a competitividade", apontou.
O representante do maior acionista da EDP - a chinesa Three Gorges - no Conselho Geral e de Supervisão da elétrica recordou que a evolução do Produto Interno Bruto per capita, em paridade com o poder de compra, progrediu bastante, sobretudo "entre 1985 e 1995", nos governos de Cavaco e Guterres (de "55,6% para 68,3% do nível de vida médio europeu"), mas, "em 2019, está na casa dos 72%, uma quase estagnação em 15 anos".
"Portugal precisa de uma atuação contínua, permanente e consistente sobre todas as variáveis determinantes do processo de desenvolvimento económico, nomeadamente os pilares político-institucional (qualidade da democracia, instituições e políticas públicas, gestão orçamental e da despesa, justiça e combate à corrupção), económico-financeiro (apoios e incentivos a empresas para criação de riqueza e emprego e investimento produtivo nacional e estrangeiro) e social (sistema educativo, sobretudo o técnico-profissional e proteção e segurança social)", receitou.
"Desenvolver Portugal -- Reflexões em tempos de pandemia" tem prefácio de José Miguel Júdice, a chancela da Bertrand/Círculo e nele se apela à "responsabilidade de partidos que representam 85% do eleitorado" (PS, PSD e CDS-PP) para "soluções governativas estáveis e coerentes".