Marcelo centrado na pandemia sem sair do papel de Presidente

Marcelo Rebelo de Sousa teve meia dúzia de iniciativas como candidato presidencial neste período oficial de campanha eleitoral, mas sem sair do papel de Presidente da República, centrando a sua mensagem no combate à propagação da covid-19.

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© Pedro Pina/RTP

Lusa
21/01/2021 10:17 ‧ 21/01/2021 por Lusa

Política

Presidenciais

No momento mais grave da propagação desta doença em Portugal, o chefe de Estado, que se recandidata ao cargo com o apoio de PSD e CDS-PP, tem apelado aos portugueses para que levem a sério o confinamento geral em vigor e reiterado que assume "a responsabilidade máxima" pela gestão política da pandemia.

No seu entender, será também por isso julgado nas eleições deste domingo, declarando-se "sujeito ao escrutínio dos portugueses" nessa matéria.

O professor catedrático de direito jubilado, de 72 anos, participou em debates entre todos e com cada um dos seus adversários, para os quais se disponibilizou antecipadamente, e tem dado entrevistas quase diárias, mas só na sexta-feira passada, 15 de janeiro, teve a sua primeira iniciativa pública de campanha.

A sua campanha "barata, circunscrita, pessoalizada, sem estrutura", como a descreveu, consiste em ações divulgadas com pouca antecedência, às quais Marcelo Rebelo de Sousa chega sozinho ao volante do seu carro, sem nenhum assessor ou equipa de apoio, e em que presta longas declarações à comunicação social, respondendo a sucessivas perguntas.

O agravamento da epidemia nacional de covid-19, a sobrecarga dos serviços de saúde, o processo de vacinação, a renovação do estado de emergência, o encerramento ou não das escolas acabaram por ser os temas mais abordados, por vezes com informações recolhidas junto do Governo. "Estou a falar como Presidente excessivamente no período de campanha eleitoral, mas não posso esquecer que sou Presidente da República", justificou, numa dessas ocasiões.

Até esta quarta-feira, quando viajou para o Porto ao fim do dia, o candidato esteve entre os distritos de Lisboa e Setúbal, onde visitou uma mercearia social, a Santa Casa da Misericórdia do Barreiro, o Hospital de Santa Maria, a Escola Secundária Pedro Nunes, o quartel dos Bombeiros Voluntários do Dafundo, o Centro Social Paroquial da Azambuja e o Campus de Carcavelos da Universidade Nova de Lisboa, em regra, com os jornalistas a aguardarem no exterior das instituições.

Neste período de campanha oficial para as presidenciais de 24 de janeiro, Marcelo Rebelo de Sousa encontra-se em situação de vigilância passiva, por ter tido contactos considerados de baixo risco com dois infetados com o novo coronavírus, devendo monitorizar eventuais sintomas e restringir os contactos sociais, evitando "grandes aglomerações".

Além disso, quando a campanha já decorria, teve um "falso positivo" num teste de diagnóstico, resultado que, embora contrariado por testes posteriores, gerou na altura alguma confusão sobre a sua saúde e sobre a possibilidade de sair do Palácio de Belém ou da sua residência.

No dia 10 de janeiro, quando arrancou a campanha oficial para as presidenciais, Marcelo Rebelo de Sousa foi filmado pela SIC no exterior do Palácio de Belém, onde declarou que aquele seria "um dia mais de Presidente da República do que de candidato", dedicado sobretudo à preparação da declaração de renovação do estado de emergência, concretizada nos dois dias seguintes.

Inicialmente, disse que "estava quase tentado a reduzir a praticamente nada" a sua campanha, "mas depois, como via que era interpretado como sinal de arrogância e de sobranceria, de distanciamento, de autoconvencimento, e era difícil explicar que era uma questão de precaução e de contenção sanitária", passou a fazer pelo menos uma ação por dia.

O antigo presidente do PSD, entre 1996 e 1999, e comentador político televisivo, durante 15 anos, foi eleito à primeira volta nas eleições presidenciais de 24 de janeiro de 2016, com 52% dos votos expressos, e assumiu a chefia do Estado em 09 de março desse ano, sucedendo a Aníbal Cavaco Silva.

Neste mandato de cinco anos, conviveu com um quadro inédito de governação minoritária do PS suportada à esquerda no parlamento, com António Costa como primeiro-ministro, e manteve a recandidatura em aberto até ao final do ano passado, tendo anunciado a decisão de concorrer a um segundo mandato no dia 07 de dezembro.

Apoiado por PSD e CDS-PP, numa eleição em que o PS no Governo optou por não dar indicação de voto aos seus militantes, Marcelo Rebelo de Sousa apresentou um orçamento de campanha com uma estimativa de despesas de 25 mil euros, não quis fazer tempos de antena e não tem nenhum meio de propaganda nem presença na Internet como candidato.

Apresentou-se como "fator de estabilização, de pacificação e de compromisso" e prometeu fazer uma "campanha pela positiva", procurando até agora não atacar nenhum dos outros seis candidatos: Ana Gomes, Marisa Matias, João Ferreira, André Ventura, Tiago Mayan Gonçalves e Vitorino Silva.

Como há cinco anos, irá terminar a sua campanha em Celorico de Basto, concelho no interior do distrito de Braga, terra natal da sua avó paterna, Joaquina, onde foi presidente da Assembleia Municipal, durante dois mandatos, de 1997 a 2005.

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