"Acima de tudo, a ideia é mediatizar a questão da falta de saneamento em Cambeses, para ver se alguém finalmente se lembra de nós e faz a ligação ao saneamento. Doze anos à espera parece-nos demasiado tempo", disse à Lusa José Campos, um dos dinamizadores do protesto nesta freguesia do distrito de Braga.
Segundo José Campos, o protesto de hoje traduz-se num apelo ao "não voto".
"Gostávamos que ninguém viesse votar, mas não impedimos ninguém de o fazer. Quem quiser votar, vota, naturalmente. O que nós queremos é deixar aqui o nosso apelo, o nosso alerta para a falta de saneamento e para tudo o que isso acarreta, até em termos de saúde pública", acrescentou.
José Campos explicou que em 2008 foram instaladas, na freguesia, as redes de água e saneamento.
Os moradores, acrescentou, "foram obrigados" a fazer a ligação à rede de água.
No entanto, a rede de saneamento "nunca foi ligada", pelo que as águas residuais "são despejadas para a via pública e coletores de águas pluviais que vão parar ao rio".
"Cheira mal na freguesia e é um atentado à saúde pública", refere um documento distribuído pelos organizadores do protesto.
O presidente da Junta de Cambeses, Agostinho Silva, disse à Lusa que a autarquia "está fora do protesto", mas sublinhou que, "como cidadão", comunga inteiramente da reivindicação do saneamento.
"É um problema muito grave, espero que todos juntos possamos trabalhar para o ultrapassar", referiu.
Disse ainda que até cerca das 11:00 a adesão ao voto estava a ser "muito fraca".
O presidente da Câmara de Barcelos, Miguel Costa Gomes, já disse que a questão do saneamento em Cambeses "está dependente" da construção de uma estação de tratamento de águas residuais (ETAR) em Cristelo.
O autarca socialista manifestou-se esperançado de que a obra seja financiada pelo Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR).
"Se não for possível, temos de arranjar uma forma", acrescentou.
Quanto ao protesto de hoje, Costa Gomes disse compreender a vontade da população em dispor de uma rede de saneamento, mas frisou que "não vai ser o boicote que vai alterar a situação atual".