"É uma câmara que se fechou sobre si própria e eu acho que tem a ver em parte com a personalidade do presidente Fernando Medina, que não gosta de ouvir verdadeiramente os lisboetas e acaba por tomar decisões de acordo com o que lhe parece mais popular, eleitoralmente mais favorável, e não de acordo com as reais preocupações das pessoas", afirmou Cotrim de Figueiredo.
O líder da IL falava no arranque de uma ação de campanha autárquica nas freguesias do Areeiro e de Arroios, zona que, na sua opinião, "tem óbvia necessidade de se transformar numa nova centralidade de Lisboa e retomar a pujança do comércio que havia antes da pandemia".
O presidente dos liberais, acompanhando pelo cabeça de lista da IL à Câmara de Lisboa, considerou que Bruno Horta Soares será o vereador que melhor oposição fará a Fernando Medina, o autarca socialista que, em seu entender, "não gosta de escrutínio".
"Lisboa, como um todo, não tem tido um desenvolvimento harmonioso, dá-se demasiada importância a assuntos que ainda não estão na ordem do dia. Um tema que achamos que é importante e que apoiamos na generalidade é a construção de ciclovias, mas muitas delas são construídas sem a devida atenção", disse Cotrim de Figueiredo, dando como exemplo a "polémica" via ciclável da Avenida Almirante Reis, onde passou a arruada liberal.
Foi aí que se fez ouvir o presidente da Vizinhos de Arroios - Associação de Moradores, Luís Castro, para lamentar os acidentes que se têm verificado na ciclovia da Almirante Reis, nomeadamente "sete com ambulâncias" que utilizam aquela via para contornarem o trânsito lento. "Ninguém é contra a mobilidade, mas somos contra os disparates", comentou.
"Acelerou-se um processo. [...] A câmara não ouve estas pessoas", criticou Bruno Horta Soares, junto de uma comerciante cuja filha foi atropelada por uma ambulância na ciclovia, questionando como é possível construir-se uma ciclovia que reduziu a circulação automóvel a uma via em cada sentido, numa artéria com a proximidade de três hospitais.
Ainda na Praça de Londres, ponto de partida da arruada que terminaria na zona da Estefânia, com a presença dos candidatos às juntas de freguesia do Areeiro, António Manso, e de Arroios, Cristina Nunes, o cabeça de lista da IL apontou alguns problemas transversais a todas as freguesias de Lisboa, nomeadamente estacionamento e segurança, e focou-se na questão dos sem-abrigo nos locais que hoje visitou.
"Há também aqui uma questão particular que é a dos sem-abrigo. [...] Nesta freguesia [Areeiro] é um problema crítico. Achamos que o principal desafio de uma câmara é ter apoio social. [...] Fernando Medina fala da habitação para a classe média, mas para nós não faz sentido falar em habitação para a classe média enquanto pessoas vivem na rua", afirmou.
Além de Bruno Horta Soares, concorrem à Câmara de Lisboa Fernando Medina (coligação PS/Livre), Carlos Moedas (coligação PSD/CDS-PP/PPM/MPT/Aliança), Beatriz Gomes Dias (BE), João Ferreira (PCP), Nuno Graciano (Chega), Manuela Gonzaga (PAN), Tiago Matos Gomes (Volt), João Patrocínio (Ergue-te), Bruno Fialho (PDR), Sofia Afonso Ferreira (Nós, Cidadãos!) e Ossanda Líber (movimento Somos Todos Lisboa).
Leia Também: Os 12 candidatos a Lisboa 'digladiam-se' em debate para as autárquicas