Entre acusações mútuas, corrupção marca debate 'acalorado' do BE vs Chega
O encontro começou tímido, mas rapidamente se acalorou. Entre farpas lançadas por ambos os lados, destaca-se o combate à corrupção e à ‘subsidiodependência’.
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Política Legislativas
Catarina Martins, do Bloco de Esquerda (BE), e André Ventura, do Chega, protagonizaram o segundo debate para as eleições antecipadas de 2022. Com emissão na SIC Notícias, o encontro começou tímido, mas rapidamente se acalorou. Entre farpas lançadas pelos dois lados, destaca-se o combate à corrupção e à ‘subsidiodependência’.
Ambos têm como objetivo tornar-se a terceira força política em Portugal. Neste campo, a coordenadora do BE realça que o reforço do partido nesse lugar “é uma forma de garantir que não há uma maioria absoluta do Partido Socialista (PS), que não há um governo de direita, e também que a extrema-direita é posta no seu devido lugar.”
Num cenário provável de fragmentação política, a bloquista realça que o partido não aceitará “situações de pântano no país”, dando como exemplo a degradação do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e dos salários, tampouco que “aos mais jovens seja dito que o seu futuro é o salário que não serve.”
“O BE propôs em 2019 um acordo. O PS não o quis, e também não quis negociar o orçamento para 2021 nem para 2022; pelos vistos, nem com o PCP quis negociar. Isso é opção do PS, [com] um governo desgastado, que decide criar uma crise para ir para a maioria absoluta”, reitera.
André Ventura, por sua vez, é claro: “Só haverá governo de direita em que o Chega possa fazer transformações em ministérios concretos”, acrescentando que a experiência com o PSD nos Açores mostrou que o partido “tem exigências”. “Só demos um murro na mesa porque o gabinete de combate à corrupção nem sequer tinha sido lançado”, adianta.
Acima de tudo, o presidente do Chega tem um alvo na mira – retirar António Costa, primeiro-ministro e secretário-geral do PS, do poder.
“Tudo farei para retirar António Costa do poder para devolver o poder de compra que estes senhores tiraram aos portugueses (…) e acabar com este país em que metade trabalha para sustentar a outra metade”, atira, numa crítica dirigida não só às políticas do BE, mas da geringonça.
O debate aquece, com a entrada na corrupção e ‘subsidiodependência’
Se Catarina Martins acusa André Ventura de ser um “disco riscado”, o presidente do Chega lança que a coordenadora do BE é uma “boa atriz”, nomeadamente no que toca a discussão sobre o combate à corrupção. A bloquista acusa “a extrema-direita [de nunca ter feito] nada pelo combate à corrupção”, particularmente no campo dos vistos gold, “uma porta para a corrupção”.
“Percebo o sentimento do país de que há quem trabalhe para outros que não trabalham, só que não são os que precisam de apoios sociais e estão na pobreza. São aqueles que a extrema-direita ajuda, mantendo os vistos gold, mantendo as offshores, mantendo esta cortina de fumo para uma economia que vive da exploração. (…) É por isso que é tão importante combatermos este privilégio e termos um país que respeita quem trabalha”, resume.
O presidente do Chega, por seu turno, acusa a bloquista de mentir, referindo ter sido “o deputado que mais apresentou propostas contra a corrupção em dois anos e meio (…) e o BE virou costas”. Além disso, Ventura recorre aos Açores para dizer que os “empresários nem conseguem ter pessoas para trabalhar”, o que, segundo o mesmo, é fruto da ‘subsidiodependência’.
Catarina Martins atira que “a proposta da extrema-direita é tornar os ricos mais ricos, nomeadamente com borlas fiscais”, dizendo que o que está em causa é “se queremos viver num país em que os pobres são cada vez mais pobres e os ricos são cada vez mais ricos, ou queremos viver num país decente.”
“Este país que se choca com Odemira, que faz do racismo negócio e violência todos os dias, sabe que precisa da força do BE para termos um país decente, uma política decente, que é o oposto da política da mentira e do ódio que a extrema-direita representa e que o BE vai derrotar”, remata.
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