Sem eleger deputados, Francisco Rodrigues dos Santos demite-se do CDS
Líder do partido apontou várias razões para a derrota, como o clima interno no partido.
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Política Legislativas
Francisco Rodrigues dos Santos apresentou esta noite a demissão do cargo de presidente do CDS, após serem conhecidos os resultados eleitorais, nos quais o partido não elegeu qualquer deputado.
"Como líder do partido quero assumir a responsabilidade destes resultados eleitorais e dizer a todos que serei sempre do CDS", apontou, em declarações na sede do partido, em Lisboa.
"Estes resultados não deixam margem para dúvidas de que deixei de reunir condições para continuar a liderar o CDS-PP. Por essa circunstância, apresentei ao presidente do Conselho Nacional a minha demissão de presidente do CDS."
Depois de saudar o PS e António Costa, Francisco Rodrigues dos Santos assumiu a derrota.
"Ele [resultado eleitoral] é mau em dois sentidos: é mau porque confirma o caminho do socialismo em Portugal, ao qual o CDS sempre se mostrou opositor", começou por apontar. "Por outro lado, este é um mau resultado para o CDS que, ao final de 47 anos, perde a sua representação parlamentar."
O ainda líder do partido garantiu ainda que, "apesar deste mau resultado eleitoral, o CDS não morreu".
"O CDS continua vivo. O CDS é o partido que está na governação da Região Autónoma da Madeira, está na governação da Região Autónoma dos Açores, governa sozinho ou em coligação cerca de 50 câmaras do nosso país e tenho a certeza que nas próximas eleições legislativas estará na Assembleia da República", enumerou.
O presidente do CDS-PP apontou "uma certa bipolarização" e não ter tido "um clima de paz interna" durante a sua liderança como razões que contribuíram para o pior resultado em legislativas, que afastou os centristas do parlamento.
"E também o facto de o partido não ter beneficiado durante estes dois anos da minha liderança de um clima de paz interna que permitisse concentrar-se na sua verdadeira vocação, que era fazer oposição ao PS", salientou, indicando que não teve "tréguas dos opositores internos, fosse nas televisões, fosse nos jornais".
E considerou que as circunstâncias em que liderou o CDS "não foram nada fáceis", indicando que herdou um "partido falido financeiramente", que "não pôde investir na sua propaganda, nem em novos instrumentos para afirmação da sua mensagem".
Questionado se responsabiliza a oposição interna, o presidente disse que "a única pessoa" responsável pelo resultado eleitoral é ele próprio mas disse saber o que passou durante os dois anos do seu mandato.
O líder centrista defendeu também que "o que falhou" foi o partido não ter tido uma votação suficiente.
"Porque se tivéssemos tido votos isto não teria acontecido", acrescentou.
Francisco Rodrigues dos Santos apontou igualmente que existe hoje "uma concorrência mais apertada à direita, como nunca houve", numa referência ao Chega, que elegeu 12 deputados, e à Iniciativa Liberal, que elegeu oito.
E referiu também a pandemia de covid-19, que não lhe permitiu "fazer das ruas o escritório", como havia prometido quando foi eleito, além de ter sido "o único líder de um partido com representação parlamentar" que não era deputado, sustentando que isso "dificultou muito" a sua afirmação.
Por último, Rodrigues dos Santos prometeu continuar ao lado do CDS, mas deixou críticas aos opositores internos que "nunca" lhe deram "tréguas".
"Serei sempre do CDS, estarei sempre ao lado do meu partido", assegurou. "Nunca farei aos outros aquilo que me fizeram a mim."
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