Isabel Moreira e Pedro Frazão, deputados pelo PS e pelo Chega, respetivamente, estiveram, na noite desta terça-feira, num frente a frente na CNN Portugal onde os temas principais foram a potencial eleição de um vice-presidente do Chega para a Assembleia da República e o relacionamento dos outros partidos com o liderado por André Ventura.
Questionado sobre a razão pela qual Portugal deveria aceitar que um vice do Parlamento fosse do Chega, Frazão foi taxativo: "É uma regra da mais elementar Democracia e de respeitar o voto dos portugueses", recusando que o partido seja de extrema-direita.
"Não é uma questão de integração ou desintegração, é uma questão de respeito pelo mapa [de Portugal, em que o Chega passou a ser a terceira força política]. Isto tem de ter uma representação na Assembleia de acordo com a vontade livre em eleições democráticas", acrescentou.
Caracterizando-se como "uma pessoa do povo que veio para a política num desígnio de mudar Portugal", o político fez questão de salientar que "os portugueses escolheram votar no nosso partido" e que se o Chega "é de extrema alguma coisa é de extrema importância e de extrema necessidade para o país".
"Estamos num momento em que as pessoas se sentem desiludidas, se sentem aldrabadas, se sentem completamente afastadas deste sistema político - a prova disso é a enorme abstenção que temos - e o partido Chega teve resultados eleitorais estrondosos. É o maior fenómeno político em Portugal nos últimos 30 anos e tem de ser respeitado por isso", vincou ainda Pedro Frazão.
Em resposta, Isabel Moreira considerou que "temos perdido muito tempo mediaticamente com questões que não são questões". "Percebo que, muitas vezes, a questão da defesa da Democracia também passar pela comunicação social leva a alguma confusão, porque entendo que a comunicação social precisa de audiência e, isto, leva às vezes a um equilíbrio difícil e a que se tenha perdido muito tempo com falsas questões", apontou.
A socialista referiu, em seguida, que a Constituição e o regimento da Assembleia da República "são claros" e "o Chega é um partido que elegeu os deputados que elegeu e, portanto, tem todo o direito de indicar um candidato à vice-presidência - e bem-vindo ao sistema que tanto ataca - e os deputados têm todo o direito a eleger ou não eleger".
Recorde-se que o Chega propôs o deputado Diogo Pacheco de Amorim para vice-presidente do Parlamento, com o líder do partido, eleito como a 3.ª força política do país nas legislativas de 30 de janeiro, André Ventura, a defender a sua escolha referindo que o parlamentar "tem provas dadas na vida, percurso político e em vários partidos" e que tem sido "uma presença construtiva, dialogante e muitas das vezes capaz de estabelecer pontes".
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