"O que é importante é focarmo-nos no interesse e no futuro do país e menos nos políticos e mais nas políticas e mais em Portugal", afirmou o dirigente.
À saída da cerimónia de tomada de posse do XXIII Governo Constitucional, Rui Tavares foi questionado pelos jornalistas sobre o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa, designadamente o aviso de que será difícil a substituição de António Costa a meio da legislatura.
"Eu ouvi o Presidente da República, dou bastante mais importância a isso, dizer-nos que a Europa mudou a partir de 24 de fevereiro. A Europa na atual orgânica governativa em Portugal passou para a tutela direta do primeiro-ministro", salientou, lamentando que "não se disse praticamente nada sobre Europa no discurso do primeiro-ministro".
E defendeu que é preciso "olhar para este mandato do parlamento e do Governo como não sendo um igual aos outros, não sendo para a política do habitual, do costume, sendo quatro anos que são cruciais para que Portugal possa dar um salto no seu modelo de desenvolvimento".
O deputado único do Livre considerou que essa é condição para que o país "possa de facto não só estar a tentar convergir com a média da União Europeia como o primeiro-ministro quer e posição que representa há muitos anos, mas tentar ser uma certa vanguarda na União Europeia em termos ecológicos, sociais, democráticos e também no nosso modelo de produção e desenvolvimento".
"Nós temos de facto que dar um pulo de desenvolvimento e temos também que pensar no momento histórico em que estamos a viver", declarou Rui Tavares.
O Presidente da República avisou hoje o primeiro-ministro, António Costa, que será difícil a sua substituição a meio da legislatura, defendendo que os portugueses "deram a maioria absoluta a um partido, mas também a um homem".
"É o preço das grandes vitórias, inevitavelmente pessoais e intencionalmente personalizadas. E é sobretudo o respeito da vontade inequivocamente expressa pelos portugueses para uma legislatura", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, na cerimónia de posse do XXIII Governo Constitucional, no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa.
O chefe de Estado considerou que a maioria absoluta do PS nas eleições legislativas de 30 de janeiro proporciona ao novo executivo "condições excecionais para, sem desculpas ou álibis, poder fazer o que tem de ser feito", mas realçou que em democracia não há lugar para "poder absoluto nem ditadura de maioria".
Dirigindo-se diretamente a António Costa, o Presidente da República disse-lhe: "Deram a maioria absoluta a um partido, mas também a um homem, vossa excelência, senhor primeiro-ministro, um homem que, aliás, fez questão de personalizar o voto, ao falar de duas pessoas para a chefia do Governo".
"Agora que ganhou, e ganhou por quatro anos e meio, tenho a certeza de que vossa excelência sabe que não será politicamente fácil que esse rosto, essa cara que venceu de forma incontestável e notável as eleições possa ser substituída por outra a meio do caminho. Já não era fácil no dia 30 de janeiro, tornou-se ainda mais difícil depois do dia 24 de fevereiro", acrescentou, referindo-se à invasão russa da Ucrânia.
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