Rui Rio foi questionado pelos jornalistas, à chegada para a cerimónia de encerramento do 14.º Congresso da UGT, sobre se acredita haver margem para aumentos salariais, respondendo que essa questão deve ser colocada ao Primeiro-Ministro.
"Há menos de três meses, o Primeiro-Ministro jurou a pés juntos que ia aumentar o peso dos salários no rendimento nacional. Isto foram as promessas que determinaram o voto de muita gente. Ainda não se passaram três meses e já está a fazer exatamente o contrário. Atirou com as promessas para o caixote do lixo", afirmou.
O líder social-democrata questionou como é que uma promessa que foi "determinante para o voto das pessoas", passados três meses, "não se está a cumprir e as pessoas vão levar um corte enorme no seu poder de compra".
"O salário nominal não [tem cortes], quem ganha mil continuará a ganhar mil, só que, daqui por um ano, não dão para a mesma coisa que dão hoje, porque a inflação vai comer isso. É a mesma coisa que um imposto escondido", disse.
O presidente do PSD lembrou que está em discussão na Assembleia da República o Orçamento do Estado para 2022, depois de eleições legislativas em que o PS "prometeu fortemente aumentar os salários".
"Neste momento, aquilo a que nós assistimos é exatamente ao contrário. Aquilo que vai acontecer em 2022 e 2023, com esta política do Governo, é uma quebra brutal do poder de compra dos salários", disse.
Rio afirmou que isso acontece porque "o Governo não quer ajustar os aumentos à taxa de inflação e esta é como um imposto escondido, a pessoa perde poder de compra" e o Governo ganha, através da inflação, "seja ao nível dos rácios da macroeconomia, particularmente do rácio da divida, seja depois ao nível do crescimento da receita e da despesa nominal".
O líder social-democrata justificou a sua presença no encerramento do congresso da UGT, central sindical que, desde a sua fundação, conta com a participação de militantes do PSD e afirmou ser "importante haver sindicatos fortes e responsáveis para o país", que defendam os interesses dos trabalhadores, "percebendo as circunstâncias, o que é possível e o que não é possível".
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