"Não podemos continuar alegremente a contribuir como poucos para a criação de riqueza nacional sem a justa contrapartida. Vamos ter uma posição cada vez mais reivindicativa face ao poder central, independentemente de cores partidárias, na defesa dos superiores interesses de Leiria", disse Gonçalo Lopes (PS).
Segundo o presidente do município, "Leiria tem sido, de forma sucessiva e crónica, governo após governo, ignorada nos planos de investimento público".
"Há dossiês decisivos para esta região que se arrastam há um tempo absurdo e que têm prejudicado o nosso desenvolvimento", acrescentou.
Gonçalo Lopes exemplificou com a despoluição do rio Lis, a abertura da Base Aérea de Monte Real à aviação civil, a modernização da Linha do Oeste, a ampliação e reforço dos profissionais de saúde do hospital de Leiria, a requalificação da rede de cuidados primários e o aumento de médicos de família, a passagem do Politécnico de Leiria a universidade, a reflorestação do Pinhal de Leiria e a construção de novas instalações para PSP e GNR e o "reforço urgente de efetivos".
Gonçalo Lopes reforçou que "apesar dos feitos extraordinários alcançados por Leiria, seja pelo trabalho de excelência dos seus empresários, dos trabalhadores, líderes associativos, agentes culturais", o "potencial de crescimento e de contributo para geração de riqueza nacional tem sido prejudicado por quem deveria".
Afirmando que não pretende avançar com "obras faraónicas", mas com "intervenções táticas e cirúrgicas", Gonçalo Lopes anunciou a construção de um complexo de piscinas ao ar livre, "há tanto tempo ansiado pela população de Leiria", que "aumentará a atratividade da cidade e dará um forte contributo para a economia local".
Outra das "grandes apostas" consiste na "consolidação de um corredor verde que atravessa toda a cidade" e irá avançar "em breve" com a requalificação da Rua Mouzinho de Albuquerque, "uma via central da cidade, que se apresenta profundamente degradada".
O presidente da Assembleia Municipal de Leiria, António Lacerda Sales, falou sobre o envelhecimento da população a que o concelho não é alheio. "Nos últimos 50 anos, nunca fomos tantos, nunca parámos de crescer, nunca possuímos tão elevados níveis de ensino, nunca o peso dos mais novos foi tão diminuto e nunca fomos tão velhos", afirmou, ao referir que, nas últimas décadas, "Leiria fez o que se poderá chamar o seu 'desconfinamento' económico e abriu-se ao futuro".
"Aventurou-se em iniciativas com sucesso de investimento na indústria e nos serviços, sem abandonar o setor primário, alargou, diferenciou e diversificou atividades, apostou em novos mercados e aproveitou e criou oportunidades. Leiria tornou-se atrativa para as pessoas, naturais e de múltiplas latitudes", acrescentou Lacerda Sales.
Mas, segundo o presidente da Assembleia Municipal, "nem sempre fora de portas tem havido o reconhecimento" do que é Leiria, da sua "força e importância", do seu "contributo nacional" e das "necessidades, potencialidades e aspirações".
"Nem sempre nas portas certas e a horas ousámos reivindicar o que nos é devido por justiça ou equidade", concretizou.
António Lacerda Sales adiantou que Leiria tem pela frente dois desafios "fundamentais": "manter pujança e relevância demográfica, enquanto pressupostos de afirmação e fortalecimento do município e do seu progresso futuro" e "ter presente a configuração da estrutura etária e corresponder, em termos económicos, sociais, políticos e administrativos, às necessidades, oportunidades e, também, riscos que dela emergem".
"Sabendo que outros, em muitas latitudes, dentro e fora, têm objetivos similares, devemos, com inteligência e sentido estratégico, fazer, de modo atempado, esclarecido e resoluto, as apostas necessárias que garantam maior aptidão e eficácia na resposta aos desafios que estão no horizonte. Desde logo: aposta na economia, no ambiente, na saúde, no urbanismo e mobilidade e na cultura", disse ainda.
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