Francisco Assis, presidente do Conselho Económico e Social (CES), desvalorizou, esta quarta-feira, a recente moção de censura apresentada pelo Chega, considerando-a como uma parte das dinâmicas políticas normais.
No programa 'Grande Entrevista', na RTP3, o antigo deputado socialista, que tomou posse recentemente para um segundo mandato à frente do CES, considerou que a moção de censura em causa é legítima do ponto de vista democrático e "faz parte da disputa política da democracia".
Mas Assis, que procurou afastar-se de comentar a moção em si, disse ainda assim que esta não é a primeira vez que uma moção "inconsequente" é apresentada apenas num jogo político.
O presidente do CES afirmou, aliás, que estas moções são apresentados por partidos que já sabem que estas são inconsequentes, "ou então não as apresentavam". Ainda assim, vincou que "é preferível tudo isto a qualquer outra solução em que as oposições não têm" a possibilidade de propor moções de censura.
Episódio com Pedro Nuno Santos "não vai deixar marcas"
Como antigo deputado socialista, Francisco Assis comentou também as divergências entre António Costa e Pedro Nuno Santos, o ministro das Infraestruturas, limitando-se a afirmar que foi apenas "um episódio da política portuguesa" e que aceitou que o assunto esteja "resolvido".
"A sucessão de António Costa não está para amanhã", acrescentou Francisco Assis, referindo que uma hipotética subida à liderança do PS de Pedro Nuno Santos não será afetada pelo episódio. "Acho que não vai deixar marcas", disse.
O histórico deputado socialista elogiou bastante o ministro das Infraestruturas e da Habitação, pondo de lado as críticas sobre uma suposta "impulsividade" do governante.
"Sempre foi uma pessoal leal e correta. Tivemos grandes divergências, nomeadamente sobre a 'Geringonça', há uns anos, mas nunca deixamos de conversar um com o outro. Esse tipo de adjetivação é negativa e não tem qualquer sentido", salientou.
Francisco Assis preside o CES desde 2020, mas é mais conhecido por ter sido eurodeputado do Partido Socialista e, acima de tudo, líder parlamentar da bancada do PS durante as lideranças de António Guterres e José Sócrates.
Assis foi também candidato a secretário-geral do partido em 2011, perdendo a corrida para António José Seguro. Durante a liderança de António Costa à frente do PS e do país, o presidente do CES foi-se afastando dos socialistas, depois de divergências em 2015 sobre a formação de um governo minoritário do PS e contra a criação da chamada 'Geringonça'.
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