BE. "Esta tragédia não define o SNS nem os profissionais de saúde"

Antes de se referir à demissão da ministra da Saúde, Catarina Martins sublinhou que o caso da mulher grávida que morreu ao ser transferida de hospital não "permite generalizações".

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© Rita Franca/NurPhoto via Getty Images

Beatriz Maio
30/08/2022 10:32 ‧ 30/08/2022 por Beatriz Maio

Política

Saúde

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, comentou esta terça-feira que a morte da grávida transferida do Hospital de Santa Maria (por falta de vagas na unidade neonatal) é "uma tragédia", mas que "não define o SNS".

"Esta tragédia não define o Serviço Nacional de Saúde (SNS) nem os profissionais de saúde" e também não "permite generalizações", indicou a líder bloquista.

No plano do SNS, e já no seguimento da demissão de Marta Temido, Catarina Martins alertou que não se devem continuar "a adiar as decisões fundamentais para garantir que o SNS funciona e garante o acesso à Saúde de toda a população e as melhores condições" o que, nas suas palavras, o Governo tem vindo a fazer.

"O Governo tem vindo a adiar sistematicamente todas as condições para o SNS trabalhar, não tem feito investimentos e tem perdido profissionais a cada dia que passa", apontou a política frisando que essa situação "tem que ser travada já".

"O Governo tem assistido de braços cruzados à degradação do SNS", destacou, esclarecendo que "em Portugal há profissionais de Saúde com formação reconhecida internacionalmente que não estão no SNS e estão a desistir do país ou mesmo da profissão", bem como "recursos financeiros para fazer investimentos estruturais no SNS para que possa funcionar nas melhores condições".

Segundo a líder do BE, "adiar os investimentos, adiar carreiras que possam fixar profissionais no SNS tem sido a política do Governo e a demissão de uma ministra não resolverá o problema".

Catarina Martins defende que "uma linha de continuidade na Saúde é um desastre" e que "mudar a ministra sem mudar a política não adianta absolutamente nada". Para a bloquista, "a responsabilidade da perda de condições do SNS e da perda das suas valências não é a responsabilidade da ministra, é a responsabilidade de todo um Governo que decidiu não investir na capacidade instalada do SNS e decidiu não acordar condições de trabalho para que os seus profissionais formados no SNS ficassem no SNS".

Na ótica de Catarina Martins, "o que é preciso neste momento é uma alteração não apenas de ministro, mas de política para o SNS", findou.

A demissão da ministra constitui a primeira baixa de 'peso' no XXIII Governo Constitucional, que tomou posse há exatamente cinco meses, em 30 de março. Marta Temido iniciou funções como ministra da Saúde em outubro de 2018, sucedendo a Adalberto Campos Fernandes, e foi ministra durante os três últimos três executivos liderados pelo socialista António Costa.

[Notícia atualizada às 10h31]

Leia Também: Marta Temido, a gestora da Saúde que passou a um dos "rostos" da pandemia

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